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29 de Fevereiro de 2004
Oficiais de Registro Civil de São Paulo colaboram em matérias sobre aniversariantes em anos bissextos
Aniversário oficial
Para muita gente amanhã, 29 de fevereiro, é uma data especial. É o aniversário de quem nasceu em anos bissextos.
O dia a mais - que só acontece de quatro em quatro anos - foi criado para acertar a diferença entre o ano do calendário e o ano solar.
Para saber como é esperar tanto para fazer aniversário de verdade a repórter Aline Oliveira ouviu algumas pessoas nascidas neste dia.
Alisson ensaia para a festa que só agora aos quatro anos ele vai comemorar o aniversário no dia exato em que nasceu: 29 de fevereiro. "É como se fosse o primeiro ano dele", conta a mãe.
A comerciante Evani Vilanova nem planejou ainda a festa, porque no ano bissexto, ela só pensa no presente do marido. "Quando não tem o dia 29 de fevereiro, ele me dá lembrancinhas. Quando passa realmente quatro anos e vem o dia 29 ele me dá um bom presente".
O ano bissexto foi criado para adaptar um calendário inventado pelo homem ao ciclo da natureza. É que a Terra demora 365 dias e um quarto para dar uma volta completa em torno do sol. Essas horas a mais são somadas e a cada quatro anos, fevereiro ganha um dia mais. O astrônomo Demerval Carneiro diz que se não fosse o dia extra de quatro em quatro anos, o tempo ficaria maluco. "O sol entra corretamente, naturalmente, no dia certo da estação do ano. Se não houvesse essa correção o comércio, a estrutura política e social dos países estariam usando outra data.
Para os nascidos nesse dia, o recado do astrólogos: "Se ela for supersticiosa, ela vai achar que faz aniversário a cada quatro anos e ara que pode ter uma sorte mais ou um azar a mais que outras pessoas. Mas na verdade é uma pessoa comum como todos nós".
Diferente é a comemoração.
O webdesigner Bruno Galvão já prepara os convites e quer reunir os amigos para um momento em que só acontecem de vez em quando. "É uma cobrança para fazer a festa no dia 29. Os amigos ficam perguntando da festa".
Os anos bissextos sempre foram cercados de lendas e superstições. Uma delas surgiu no século treze na Escócia. Na época, em todo ano bissexto, as mulheres em vez de escolhidas tinham o direito de escolher o marido. Se o eleito não quisesse, tinha que pagar uma multa para não casar.
Data: Sábado , 28 de Fevereiro de 2004
Autor: Aline Oliveira
Veículo: Jornal Hoje, Rede Globo
Ano bissexto, ano de comemoração para quem nasce no dia 29 de fevereiro
À sombra de uma mangueira, um churrasquinho para comemorar o aniversário de Celso que, na verdade, nasceu em 29 de fevereiro de 1956. Mas como o ano era bissexto, foi registrado um dia antes.
O ano bissexto foi criado pelo imperador Júlio César, em 48 antes de Cristo, para corrigir o calendário, porque a Terra não leva só 365 dias para dar a volta em torno do Sol: leva 365 dias e seis horas. Somando as horas extras, no fim de quatro anos, aparece um dia a mais.
"Se não fosse criado o ano bissexto, nós teríamos um deslocamento das estações, o que prejudicaria muito a agricultura. O calendário tem que ter as estações bem fixas", explica o astrônomo Ronaldo Mourão.
Estatisticamente os nascidos a 29 de fevereiro são menos de 1% da população mundial. Por isso, são difíceis de encontrar. Na praia, por exemplo, precisaríamos perguntar a 1.461 pessoas para encontrar uma que faz aniversário neste domingo. Mas, talvez por isso, para eles, as comemorações fiquem melhores a cada ano bissexto.
Na infância, a professora Vera Diniz sempre cantava parabéns em 1º de março, junto com a irmã. Só depois de crescida, começou a gostar da data. "Eu, inclusive, gostei de ter sido registrada no dia 29, porque reafirmou uma data diferente", ela diz.
O dia 29 de fevereiro também é conhecido como o Dia da Juventude Eterna. Segundo a lenda, quem nasceu neste dia envelhece um ano a cada quatro. Vai ver que é por isso que no bolo de Celso só havia 12 velas.
"Daqui a quatro anos posso botar mais uma vela, se Deus quiser. Se eu ainda tiver samba no pé também", brinca o passista.
Data: 28/02/2004
Veículo: Jornal Nacional, Rede Globo
Aniversário de 4 em 4 anos
Hoje é um dia muito especial para Flávia Giovannoni de Godoy, de São Caetano, que nasceu no dia 29 de fevereiro de 1996. Em vez de uma única velinha de 8 anos, a garota vai apagar outra de 2. O que parece estranho tem uma explicação: o ano em que Flávia nasceu foi bissexto, ou seja, também teve um dia 29 de fevereiro, como agora; porém, isso não aconteceu no ano passado nem no retrasado. A última festa de aniversário no mesmo dia em que a menina nasceu se repetiu em 2000. Isso acontece porque o dia 29 de fevereiro se repete apenas de quatro em quatro anos. "A vantagem é que, quando tiver 80 anos, poderei falar que estou completando 20 anos de aniversário", diz.
Neste ano, a festinha de Flávia, como não poderia deixar de ser, também é em dose dupla. "Tenho direito a dois bolos e fiz questão de colocar no convite às minhas amigas as duas opções de idade", conta a menina, que curte ter nascido no dia 29. A mãe Elisabete, 39 anos, conta que o nascimento da filha era esperado para o dia 2 de março. "Mas, na noite do dia 28, comecei a ter contrações e fui para o hospital. Às 10h do dia seguinte, Flávia nasceu com 3 quilos e meio e 54 cm de comprimento."
O seu aniversário, às vezes, causa confusão na cabeça das pessoas nos anos em que fevereiro só tem 28 dias. "Tem gente que me dá parabéns no próprio dia 28, como meus avós e padrinhos, e outros, no dia 1º de março. Acho legal, porque me sinto diferente", diz.
Cartório só registra no dia 29
Ninguém pode mudar a data de nascimento, porque não gostou do dia em que nasceu. Os cartórios fazem o registro de acordo com o atestado emitido pelo hospital, em que consta a data e o horário exato do nascimento. Se o bebê nascer em casa, o procedimento é parecido. "O pai ou a mãe tem de apresentar uma declaração do nascimento com a presença de duas testemunhas", explica Mateus Brandão Machado, do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de Diadema. A certidão de nascimento é o primeiro documento de uma pessoa e é por meio dela que se torna possível fazer os demais documentos, como o RG (Registro Geral).
Data tem sabor especial
A sensação de comemorar o aniversário num dia especial também atrai Thaís Bezerra Nepomuceno Santos, 12 anos, de Diadema, que nasceu aos 30 minutos do dia 29 de fevereiro de 1992. "Digo que sou superdotada, porque agora estou completando 3 anos e já sei de tudo um pouco," diz a garota, que tem orgulho de sua data de nascimento. "Gosto de contar para todo mundo a data em que nasci, porque falam que eu sou a única pessoa que conhecem com essa característica".
A comemoração, neste ano, vai reunir a família em um restaurante. "Vamos aproveitar para festejar também o aniversário do meu irmão Denis, que nasceu dia 24 de fevereiro." Outra festa semelhante só ocorreu em 2000, no outro ano bissexto.
Isso acontece porque, para dar uma volta completa em torno do Sol, a Terra demora 365 dias e 6 horas, e é esse período que define a contagem de um ano. Como o calendário só considera os 365 dias, as seis horas restantes são acumuladas a cada quatro anos e forma-se mais um dia, o 29 de fevereiro. Assim, o ano bissexto fica com 366 dias (saiba mais nesta página).
Difícil de entender
Renan Rodrigues Balbi, 12 anos, de São Bernardo, acha difícil se sentir satisfeito por ter nascido em um ano bissexto; no caso dele, às 21h do dia 29 de fevereiro de 1992. "Não gosto muito disso, porque só vejo a data do meu aniversário se repetir de quatro em quatro anos. Nos outros anos, as pessoas me dão parabéns no dia 28". Com isso, Renan acha que o dia passa como se fosse outro qualquer.
Só hoje, essa sensação de vazio não vai se repetir, segundo o garoto. "Mesmo assim, me sinto um pouco estranho. Acho que tudo seria mais fácil se tivesse nascido no dia 28, data em que comemoro meu aniversário quando o ano não é bissexto".
Sensação estranha
"Queria fazer aniversário num dia comum, como os meus irmãos. O Lucas nasceu no dia 25 de outubro, e a Ketelyn, no dia 2 julho", diz Kerolayne de Ponte Guelfi, de Santo André, que hoje completa 8 anos. A garota se sente indiferente à data quando tem de festejar seu nascimento nos anos que não são bissextos. "Tem vez que comemoro no dia 28 de fevereiro, outras no dia 1º de março. Neste ano, o pessoal da escola diz que estou fazendo 2 anos".
Para tirar proveito da oportunidade, já que o próximo dia 29 de fevereiro só vai se repetir em 2008, Kerolayne resolveu pedir um presente reforçado: uma bicicleta.
História é muito antiga
A história do dia 29 de fevereiro se repetir a cada quatro anos começou na Alexandria, no antigo Egito, em 238 a.C. Na época, o rei Ptolomeu III decretou que fosse adicionado um dia a cada quatro anos para compensar a diferença existente entre o calendário civil de 365 dias com o calendário solar. O solar tem 365 dias e cerca de seis horas porque considera o tempo que a Terra gasta para dar uma volta completa em torno do Sol.
A mudança era importante para não interferir na marcação do início das estações do ano, que servem de base para a programação do cultivo na agricultura. Mas a idéia não foi bem aceita e só 200 anos depois foi adotada pelo imperador romano Júlio César. Esse calendário vigorou até o século XVI.
Daí, houve nova mudança para compensar um pequeno erro de minutos no cálculo do calendário juliano. Então, o papa Gregório XIII criou o calendário gregoriano determinando que nem todo ano divisível por quatro é bissexto. Os anos terminados em 00 só são bissextos se o número do ano for divisível por 400. Por isso, 1600 foi bissexto, mas 1700, 1800 e 1900 não. O ano 2000 foi bissexto também. Isso permanece até hoje.
Veículo: Diário do Grande ABC
Editora: Teresa Monteiro
Repórter: Sucena Resk
Data: 29 de fevereiro de 2004
Se tempo é relativo, por que preocupar-se com agenda?
Com a tecnologia e o conhecimento disponíveis hoje em dia, temos mais tempo de vida e menos tempo para viver
Nada no mundo é exato, preto no branco, sim ou não. Tudo o que o homem inventa tem uma gota de imperfeição. Nuances de cinza, "dependem" e "mais ou menos". Até o dia de hoje, que temos como certo. Nós só sabemos quantos anos temos e que dia fazemos aniversário porque alguém definiu, lá atrás, que um ano é composto de 365 dias. Quem fez isso, a bem da verdade, foi o imperador Júlio César, no que hoje conhecemos como o ano 45 a.C.
O problema é que o período que a Terra leva para completar sua órbita em torno do sol não é exatamente de 365 dias. Há uma sobra de 6 horas, ou mais exatamente 0,2422, número que o Papa Gregório II, em 1582, entendeu como sendo "quase 0,25" ou praticamente um quarto de dia. Assim, ele instituiu os chamados anos bissextos: a cada quatro anos, o ano teria 366 dias (dois números "6", por isso o termo "bissexto"). Mas, é claro, o arredondamento acabaria excedendo a conta, por isso os anos de 1700, 1800 e 1900 não foram considerados bissextos.
Você acha tudo isso meio confuso? Eu concordo. No fundo, acho estranho pensar que o tempo depende tanto de ordens aleatórias. Temos poucas certezas na vida, por isso é um conforto saber que depois da segunda-feira sempre vem a terça. O mundo viraria um caos se uma autoridade revogasse essa lei, de uma hora para outra. Afinal, tempo é coisa séria. Ninguém deixa de pagar multa por dia de atraso alegando ao banco que o calendário não passa de uma convenção imposta pela sociedade.
O mais curioso é que, no ano em que o Papa Gregório determinou a mudança do calendário, dez dias foram tirados da História sem que ninguém pudesse reclamar. Depois do dia 4 de outubro veio o dia 15. Quem fazia aniversário entre os dias 5 e 14 daquele mês deve ter se ofendido profundamente. Perdeu a chance de reunir os amigos e ganhar presentes, se é que naquela época havia esse tipo de comemoração. Eu detestaria abdicar da minha festa de 18 anos só porque os matemáticos e astrônomos estavam fazendo a conta errada.
Claro que, na vida pessoal, as regras relativas ao tempo têm um pouco menos de importância, até hoje, dependendo do rigor com que as pessoas dividem sua privacidade. Há mulheres e homens que simplesmente deixam de fazer aniversário depois de certa idade. A gente comparece às respectivas festas de 40 anos e, cinco anos depois, eles dizem estar com 42.
Mas quem sou eu para duvidar da máxima de Einstein, de que o tempo é relativo? Com tanta tecnologia e conhecimento disponíveis atualmente, cada um decide a idade que tem. As "vovós" de 50 anos, que há duas décadas assumiam as madeixas de algodão e a cintura alargada, hoje estão com a pele viçosa, os cabelos compridos e a alma ainda jovem. Tudo leva a crer que a existência humana vai se esticar cada vez mais, ao mesmo tempo em que esticar as rugas também vai ficando mais fácil, com as novas modalidades de cirurgia plástica.
É maravilhoso viver numa era em que as pessoas podem envelhecer com mais dignidade. Por outro lado, todos nós temos a impressão de que o tempo está ficando cada vez mais escasso. Que a Terra está mais ansiosa e gira com pressa em torno do Sol e dela mesma. É uma contradição maluca: ter mais tempo de vida e menos tempo para viver.
A saída, na minha opinião, é relativizar também as obrigações diárias. Incrementar as horas de prazer num dia, para ficar com a sensação de que a vida é mais leve. No dia seguinte, fazer um esforço para compensar a folga, não importa. O que interessa mesmo é ter a chance de administrar o tempo com um pouco menos de precisão, sem aquela neurose de olhar para o relógio e para a agenda o tempo todo. A recompensa é ganhar, lá na frente, uns 10 ou mesmo 20 anos de bônus.
Se para as crianças é difícil esperar um ano até o aniversário seguinte, o que dizer de quem nasceu no dia 29 de fevereiro? É quase como fazer anos no dia de São Nunca. Ou ganhar uma hora a mais quando termina o horário de verão. Ou festejar uma final de Copa do Mundo. Ou seja: é um bom dia para se comemorar, ainda que você tenha nascido em outro dia.
Autor: Lucília Diniz
Veículo: Diário de São Paulo
Data: 29 de fevereiro
Calendário marca história de famílias
Duas irmãs nasceram em 29 de fevereiro, em anos diferentes; aniversariantes contam como festejam data
Quem nasce no dia 29 de fevereiro só pode ver a data do seu aniversário no calendário a cada quatro anos. São os anos bissextos, como 2004, e por isso, a data de hoje é especial para muita gente. Dentre os aniversariantes de hoje, há histórias interessantes.
Bruna Peressin da Silva é "velha" conhecida do TodoDia. Quando ela nasceu no dia 29 de fevereiro de 2000, foi personagem de uma reportagem. Agora está comemorando quatro anos - ou o seu primeiro ano bissexto. Mas sua mãe, Andréia Cristina Peressin, moradora no bairro São Joaquim, em Santa Bárbara d"Oeste, brinca lembrando que a filha ainda não tem idade para entender estes detalhes do calendário.
Entretanto, por uma dessas coincidências da vida, há até uma forma mais fácil de acomodar as coisas. Outra filha de Andréia, a Thais, 12, também nasceu no dia 29 de fevereiro. Mas houve uma confusão na hora de fazer o registro e ela acabou sendo registrada como nascida no dia 28. Por isso, é mais fácil explicar para Bruna que, "por economia", eles fazem uma festa só, sempre no dia 28.
Geralda Augusta de Lima, moradora no bairro Mollon, de Santa Bárbara, que também faz aniversário hoje, diz que não se preocupa com isso. Ela completa 68 anos, de uma vida sofrida, mas que teve os seus momentos de felicidade e aventura.
Para Geralda, que aprendeu a ler sem ir à escola e que é "doida" por palavras cruzadas, a data de seu aniversário, seja no dia 29 de fevereiro, ou no dia 1º de março, já não tem muito mais importância. A religião que ela pratica, há dois anos, não comemora aniversários de nascimento.
Além disso, seu marido morreu há 20 anos e desde então ela não festejou mais. "Era ele que gostava de comemorar o aniversário de todos da família e depois da morte dele, não tive mais coragem de fazer festa", conta ela.
Geralda lembra que, na sua infância, seu aniversário também não era comemorado. "Minha mãe morreu quando eu tinha dois anos. Depois, fugi de casa aos 12 anos porque a minha madrastra me maltratava e passei a trabalhar como arrumadeira, crescendo então nas casas de patrões". Mas nem tudo foi tristeza. Como arrumadeira, ela lembra que, em Caçapava, onde nasceu, chegou a trabalhar para o então coronel Artur da Costa e Silva, que, depois, como general, foi presidente do Brasil.
Trabalhou também para a família de um tenente, que foi transferido para o Sul do País. "Gostava muito deles e naquela época, ainda adolescente, eu fiz viagens de avião e de navio junto com a família", conta. Mas confessa que, pelo fato de ter nascido em 29 de fevereiro, ficou contente em poder falar um pouco de sua vida.
Autor: Jorge Palma
Veículo: Jornal Todo Dia, Americana
Data: 29 de fevereiro
Saiba porque 2004 é ano bissexto
Depois de três anos, os nascidos no dia 29 de fevereiro poderão enfim comemorar o aniversário na data certa e ganhar presentes. É o primeiro ano bissexto do século XXI. Desta vez, o dia bissexto cairá num domingo coincidindo com os anos de 1920, 1948, 1976 e será novamente em 2032, 2060 e 2088.
O ano de 2004 terá um dia mais, portanto 366 dias. Para a maioria, não significa nada em especial. Contudo, segundo o astrônomo e diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Nelson Travnik, para um pequeno grupo, além de lembrar algumas superstições, é motivo de comemoração. Enfim, chegou a hora de festejar o aniversário no dia certo.Há três anos não aparecia nas folhinhas o dia 29 e a única opção era escolher o dia 28 ou 1º de março. Aniversariando de quatro em quatro anos, as brincadeiras dos amigos acrescentam que a velhice para esses, só chega após os 240 anos! A par dessa gozação surgem alguns embaraços quanto ao vencimento de dívidas, bem como, dúvidas de como tudo isso começou.
A intervenção de Júlio César
Segundo Travnik, no ano de 46 a.C, foi feita uma reforma no calendário por Júlio César. Isto porque o calendário lunar romano havia se transformado num caos completo, depois que os sacerdotes passaram a operá-lo com fins políticos, principalmente para alterar o tempo de serviço de vários funcionários. Júlio César apoiado então nos conselhos do astrônomo grego Sosígenes, resolveu implantar novas regras para o calendário. Este passou a considerar o ano regulado unicamente pelo Sol com uma duração média de 365,25 dias ou, 365 dias e 06 horas. Para apurar o excesso dessas seis horas, instituiu-se então um ciclo de quatro anos, os três primeiros com 365 dias e o quarto com 366. A designação do ano bissexto está associada às crendices relativas às influências dos números pares e ímpares. Para acrescentar o dia suplementar, Júlio César escolheu o mês de fevereiro que além de ser o mais curto, com 28 dias, era o último mês do ano entre os romanos que o consideravam um mês nefasto. No calendário, Juliano seria bissexto o ano divisível por quatro. No início tudo funcionou bem, mas depois de algum tempo sobrevieram erros gritantes.
A reforma papal
O calendário Juliano foi adotado por mais de 16 séculos. No ano de 730 d.C. o monge Beda constatou no Concílio de Nicéia, que o calendário Juliano estava errado e que no fim de 128 anos ocorria um atraso de um dia em relação ao inicio efetivo das estações. Isto porque, segundo Travnik, a duração média do ano Juliano era de 365,25 dias e não de 365,2422 dias que resultava numa diferença de 0,0078 dias ou, 11 minutos e 14 segundos. Em 400 anos no calendário Juliano, as estações adiantavam-se três dias. Por volta de século XVI o início da primavera já estava quase coincidindo com o Natal. "Alguém tinha que fazer alguma coisa e foi o papa Gregório XIII, que convocou o astrônomo e médico napolitano Luigi Lilio (1510-1576) e o matemático jesuíta alemão Cristophorus Clavius (1537-1612) e baseado nas regras elaboradas por esses dois cientistas, o papa editou a bula "Intergravissimas" de 24/02/1582, decretando a reforma do calendário", disse.
Essa reforma que deu origem ao calendário Gregoriano utilizado até hoje se constituiu no seguinte:
1º Diminuiu-se dez dias o ano de 1582. A quinta-feira 04 de outubro passou para a sexta-feira dia 15; 2º Os anos terminados por dois zeros só seriam bissextos quando múltiplos de 400; 3º Os dias do mês deixavam de ser contados por calendas, nonos e idos, passando a ser designados pelos números cardinais: 1,2,3 etc.
Com a nova distribuição dos anos bissextos em final de século, ficou sanado o erro de 3,1132 dias que se acumulavam no fim de 400 anos pelo calendário Juliano. Mesmo assim, segundo Travnik, o calendário Gregoriano não é perfeito e apresenta um excesso de 0,0003 dias em relação ao ano trópico (365,2422 dias), ou seja, 1,132 dias em quatro mil anos. Com isto, a cada 3.320 anos irá ocorrer o inverso, isto é, haverá um dia a menos e este será descontado também no mês de fevereiro. Portanto, nos anos de 3.320 e 6.640, fevereiro terá 27 dias. O ano Gregoriano tem 365 dias, 05 horas, 49 minutos e 12 segundos ou, um total de 31.556.952 segundos e o tempo gasto pela Terra para dar uma volta em torno do Sol é de 31.556.925 segundos. "É só fazer os cálculos ou viver mais 1316 anos para conferir. Isto tem levado alguns organismos a pensar em um novo calendário. Porém, por enquanto, essas tentativas não vingaram e parece que o calendário atual ainda vai permanecer por longo tempo", disse o astrônomo.
Em busca da precisão absoluta
Segundo Travnik, se a diferença de um dia em cada quatro mil anos é importante na datação de fatos históricos, em Astronomia, Ciência Espacial e cálculos relativísticos, tal é inadmissível. Para medir o tempo com máxima exatidão foram criados os relógios atômicos. O de Maser de Hidrogênio, por exemplo, possui uma precisão de 1 segundo a cada 10.000 anos. Atualmente, trabalha-se em outro relógio para estender esta precisão para 1 segundo a cada 1.000.000 de anos. O Brasil conta atualmente com 29 relógios atômicos no padrão de césio, 12 no padrão de rubídio e três de Maser de Hidrogênio. Tudo está sob a coordenação do Departamento do Serviço da Hora do Observatório Nacional, CNPq do Rio de Janeiro. Se você está interessado em saber a hora oficial do Brasil com precisão disque para (0+XX+21) 2580-6037.
Tempus Fugit - Carpe Diem
"No nosso cotidiano, o fluxo do tempo nos escapa e quando levamos em conta a nossa idade, raramente percebemos que ela representa o número de vezes que o nosso planeta orbitou o Sol. Quanto mais voltas ao redor do astro-rei presenciarmos, mais viveremos. Para regular o tempo, criamos um calendário governado por ele. É ele que rege nossa existência, nossas lembranças, nossas aspirações e nossos sonhos. A máxima acima em latim preconiza que "O Tempo passa célera, foge" - "Aproveita o dia, o momento", concluiu o astrônomo Travnik.
Veículo: Jornal de Piracicaba
Autor: Fernanda Moraes
Data: 29 de fevereiro
Ano bissexto, um legado de Júlio César
A César o que é de César: é a esta importante figura da história romana a quem devemos a iniciativa de adicionar um dia extra ao mês de fevereiro a cada quatro anos, como ocorre neste domingo, para recuperar a defasagem entre o ano solar e o calendário civil.
O ano trópico (tempo que a Terra leva para dar uma volta completa ao redor do Sol), no qual são baseados os cálculos para os calendários, transcorre entre duas passagens consecutivas do sol pelo ponto vernal (equinócio de primavera). A duração precisa do ano terrestre é de 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 48 segundos, ou 365,24221935 dias.
Antes do calendário juliano, instaurado sob o regime de Julio César, e que recebeu o nome do imperador, os romanos utilizavam o calendário arcaico de Numa (em homenagem ao rei sabino Numa Pompilius), de 355 dias, ou doze meses lunares. O atraso em relação ao calendário solar era compensado com meses intercalados fixados por um grupo de sacerdotes, os pontífices.
Na época das guerras civis, o sistema se descontrolou. No ano 45 a.C., César e o Grande Pontífice apelaram ao astrônomo grego Sosígenes de Alexandria para que encontrasse uma solução prática para uma defasagem que já se mostrava de grande importância.
Sosígenes criou então o ano de 365 dias e um dia intercalado a cada quatro anos, situado entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Como os romanos contavam os dias "ao contrário" para saber quanto tempo faltava para determinada data, o dia 24 de fevereiro era o sexto dia antes das "calendas" - o dia 1º de março. Os romanos o chamavam de "ante diem sextum kalendas Martias", abreviado a. d. VI kal. Mart.
O dia intercalado tornou-se então "ante diem bis sextum kalendas Martias", ou sexto dia repetido antes do início de março, e o ano com essas 24 horas a mais passou a ser chamado de "annus bissextilis", ou ano bissexto. O calendário juliano atribuía portanto ao ano uma duração média arredondada de 365,25 dias, o que causava uma defasagem de cerca de uma semana por milênio.
Este calendário, ainda deficitário, foi utilizado na Europa até a promulgação do calendário Gregoriano pelo Papa Gregório XIII em 1582. Rapidamente adotado pela maioria dos países católicos, o novo calendário, ainda em vigor, ajustou com mais precisão os anos bissextos, ao suprimir o dia 29 de fevereiro dos anos terminados em 00, divisíveis por 400. Com essa alteração, 2000 e 2004 são anos bissextos, 1900 e 2100 não são, por exemplo.
Ainda assim, este processo de contagem de tempo gera três dias extras a cada dez mil anos. Mas, devido a uma redução de meio segundo no ano trópico, a uma ampliação de 0,0016 segundo por século e às incertezas sobre a duração do ano dentro de cem séculos, podemos viver tranqüilamente com esta margem de erro em nosso cotidiano.
Sobretudo porque desde 1972, por necessidades ultraprecisas de indicação de horário, os ciclos irregulares de nosso planeta em torno do Sol são seguidos de perto pelo Serviço Internacional de Rotação da Terra, sediado em Paris, que adianta ou atrasa em um segundo, a cada 6 ou 60 meses e no último momento, os dias 30 de junho ou 31 de dezembro.
Personalidades de 29 de fevereiro
Apesar das crenças populares, muitas personalidades nascidas no dia 29 de fevereiro não tiveram problemas, e diriam que a data não é maldita. O único inconveniente é que elas só podem comemorar o aniversário a cada quatro anos. E há quem não ache o fato de todo mau. Como a atriz francesa Michèle Morgan, que nasceu em 1920.
"O privilégio de envelhecer quatro vezes mais devagar que todo mundo é apenas um dos fortúnios que a vida me trouxe", diz ela.
O compositor italiano do "Barbeiro de Sevilha", Gioacchino Rossini, nasceu em 29 de fevereiro de 1792 e morreu em 13 de novembro de 1868, em Paris.
Morgan está com 84 anos, e Rossini morreu com exatos 76 anos. Seria então o dia 29 de fevereiro um indício de longevidade?
Morarji Desai, primeiro-ministro indiano entre 1977 e 1979, nasceu na fatídica data no ano de 1896 e morreu poucos dias depois de festejar seu centésimo aniversário. E o pintor francês Balthus, que nasceu em 1908, morreu em 2001. O primeiro grego a conquistar um Prêmio Nobel de Literatura, o poeta Georges Seféris (1963), nasceu em 1900, e faleceu em 1971.
Entre as figuras bissextas mais recentes estão o ator francês Gérard Darmon (1948) e o dissidente cubano Oswaldo Payá (1952).
Neste domingo, Guy Philippe, comandante-em-chefe das forças insurgentes no Haiti, que nasceu em 1968, espera poder comemorar seu aniversário em Porto Príncipe, a capital do país.
Veículo: AFP
Estamos em um ano bissexto
Conte aí: sexta-feira é dia 27 de fevereiro, sábado é dia 28 e, domingo, dia 1º de março... Será que você não esqueceu alguma coisa? Estamos em um ano bissexto. Isso significa que, em 2004, fevereiro tem 29 dias.
Claro que há uma boa razão para isso. O sistema que usamos para contar o tempo é o calendário gregoriano, que surgiu com base em outros calendários inspirados no movimento de rotação da Terra. Uma volta do planeta em torno do seu eixo equivale a 1 dia e uma volta da Terra em torno do Sol equivale a 1 ano.
Para girar em torno de si mesmo, nosso planeta demora 24 horas. Já para dar uma volta completa em torno do Sol, a Terra demora exatamente 365 dias, 6 horas, 41 minutos e 59 segundos. Por isso nosso ano tem 365 dias, divididos em 12 meses. Mas a adoção deste sistema de contagem de tempo trouxe um problema: o que fazer com as 6 horas, 41 minutos e 59 segundos que sobravam?
Foram os egípcios de Alexandria que, há mais de 2.200 anos atrás, tiveram a idéia de, a cada 4 anos, adicionar 1 dia a mais ao calendário, para compensar as seis horas restantes (deixaram para lá os 41 minutos e 59 segundos).
Faça as contas:
6 horas do 1º ano + 6 horas do 2º
+ 6 horas do 3º + 6 horas do 4º ano = 24 horas
Dá um dia certinho, que a cada quatro anos aparece na folhinha como o dia 29 do mês de fevereiro.
Por que o nome bissexto?
O imperador romano Júlio César trouxe a idéia do ano bissexto para o ocidente. Ele até importou um astrônomo para elaborar o novo calendário: o grego Sosígenes. Sosígenes só não sabia em que parte do ano colocar o dia que estava sobrando. Júlio César ordenou que ele fosse "o dia sexto antes das calendas de março". Em latim, isso seria dito assim: "bis sextum ante diem calendas martii".
Você sabia?
Existem outras maneiras de contar o tempo. Os chineses, por exemplo, baseiam seu calendário nos movimentos da Lua e dividem o tempo em ciclos de 60 anos. Mas o calendário gregoriano é o que foi escolhido para ser universal, reconhecido por todos os países.
Na telinha
O canal de TV a cabo Fox Kids comemora o ano bissexto com o especial Heróis Fora de Órbita, no domingo, às 12h. Trata-se de uma comédia que faz piada de séries famosas de ficção científica, com atores famosos como Sigourney weaver, Alan Rickman e Tony Shalhoub.
Veículo: Uol
Terra pára de atrasar e intriga cientistas
Desde 1972 os cientistas vinham acrescentando um "segundo bissexto" ao último dia de cada ano
Boulder, EUA - Pelo quinto ano consecutivo, o planeta Terra completa o ano no instante exato, deixando cientistas intrigados. Especialistas concordam que o movimento da Terra em torno do Sol vem diminuindo em velocidade ao longo dos milênios. Para manter a hora oficial batendo com a posição do planeta no espaço, desde 1972 os cientistas vêm acrescentando um "segundo bissexto" ao último dia de cada ano.
Por 28 anos, o procedimento se manteve. Mas, em 1999, descobriu-se que a Terra tinha parado de atrasar. No Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, em Boulder, Colorado (EUA), o porta-voz Fred McGehan disse que não há uma explicação fechada para o fato de o planeta ter voltado, de repente, a cumprir o horário.
Possíveis explicações envolvem as marés, mudanças climáticas ou no núcleo da Terra, disse ele.
O "segundo bissexto" foi uma conseqüência inesperada da invenção, em 1955, do relógio atômico, que usa a radiação de um átomo de césio para medir o tempo e é extremamente preciso. A diferença de um segundo a cada ano pode ter um efeito tremendo sobre satélites de comunicação, tráfego aéreo e computadores.
Para muita gente amanhã, 29 de fevereiro, é uma data especial. É o aniversário de quem nasceu em anos bissextos.
O dia a mais - que só acontece de quatro em quatro anos - foi criado para acertar a diferença entre o ano do calendário e o ano solar.
Para saber como é esperar tanto para fazer aniversário de verdade a repórter Aline Oliveira ouviu algumas pessoas nascidas neste dia.
Alisson ensaia para a festa que só agora aos quatro anos ele vai comemorar o aniversário no dia exato em que nasceu: 29 de fevereiro. "É como se fosse o primeiro ano dele", conta a mãe.
A comerciante Evani Vilanova nem planejou ainda a festa, porque no ano bissexto, ela só pensa no presente do marido. "Quando não tem o dia 29 de fevereiro, ele me dá lembrancinhas. Quando passa realmente quatro anos e vem o dia 29 ele me dá um bom presente".
O ano bissexto foi criado para adaptar um calendário inventado pelo homem ao ciclo da natureza. É que a Terra demora 365 dias e um quarto para dar uma volta completa em torno do sol. Essas horas a mais são somadas e a cada quatro anos, fevereiro ganha um dia mais. O astrônomo Demerval Carneiro diz que se não fosse o dia extra de quatro em quatro anos, o tempo ficaria maluco. "O sol entra corretamente, naturalmente, no dia certo da estação do ano. Se não houvesse essa correção o comércio, a estrutura política e social dos países estariam usando outra data.
Para os nascidos nesse dia, o recado do astrólogos: "Se ela for supersticiosa, ela vai achar que faz aniversário a cada quatro anos e ara que pode ter uma sorte mais ou um azar a mais que outras pessoas. Mas na verdade é uma pessoa comum como todos nós".
Diferente é a comemoração.
O webdesigner Bruno Galvão já prepara os convites e quer reunir os amigos para um momento em que só acontecem de vez em quando. "É uma cobrança para fazer a festa no dia 29. Os amigos ficam perguntando da festa".
Os anos bissextos sempre foram cercados de lendas e superstições. Uma delas surgiu no século treze na Escócia. Na época, em todo ano bissexto, as mulheres em vez de escolhidas tinham o direito de escolher o marido. Se o eleito não quisesse, tinha que pagar uma multa para não casar.
Data: Sábado , 28 de Fevereiro de 2004
Autor: Aline Oliveira
Veículo: Jornal Hoje, Rede Globo
Ano bissexto, ano de comemoração para quem nasce no dia 29 de fevereiro
À sombra de uma mangueira, um churrasquinho para comemorar o aniversário de Celso que, na verdade, nasceu em 29 de fevereiro de 1956. Mas como o ano era bissexto, foi registrado um dia antes.
O ano bissexto foi criado pelo imperador Júlio César, em 48 antes de Cristo, para corrigir o calendário, porque a Terra não leva só 365 dias para dar a volta em torno do Sol: leva 365 dias e seis horas. Somando as horas extras, no fim de quatro anos, aparece um dia a mais.
"Se não fosse criado o ano bissexto, nós teríamos um deslocamento das estações, o que prejudicaria muito a agricultura. O calendário tem que ter as estações bem fixas", explica o astrônomo Ronaldo Mourão.
Estatisticamente os nascidos a 29 de fevereiro são menos de 1% da população mundial. Por isso, são difíceis de encontrar. Na praia, por exemplo, precisaríamos perguntar a 1.461 pessoas para encontrar uma que faz aniversário neste domingo. Mas, talvez por isso, para eles, as comemorações fiquem melhores a cada ano bissexto.
Na infância, a professora Vera Diniz sempre cantava parabéns em 1º de março, junto com a irmã. Só depois de crescida, começou a gostar da data. "Eu, inclusive, gostei de ter sido registrada no dia 29, porque reafirmou uma data diferente", ela diz.
O dia 29 de fevereiro também é conhecido como o Dia da Juventude Eterna. Segundo a lenda, quem nasceu neste dia envelhece um ano a cada quatro. Vai ver que é por isso que no bolo de Celso só havia 12 velas.
"Daqui a quatro anos posso botar mais uma vela, se Deus quiser. Se eu ainda tiver samba no pé também", brinca o passista.
Data: 28/02/2004
Veículo: Jornal Nacional, Rede Globo
Aniversário de 4 em 4 anos
Hoje é um dia muito especial para Flávia Giovannoni de Godoy, de São Caetano, que nasceu no dia 29 de fevereiro de 1996. Em vez de uma única velinha de 8 anos, a garota vai apagar outra de 2. O que parece estranho tem uma explicação: o ano em que Flávia nasceu foi bissexto, ou seja, também teve um dia 29 de fevereiro, como agora; porém, isso não aconteceu no ano passado nem no retrasado. A última festa de aniversário no mesmo dia em que a menina nasceu se repetiu em 2000. Isso acontece porque o dia 29 de fevereiro se repete apenas de quatro em quatro anos. "A vantagem é que, quando tiver 80 anos, poderei falar que estou completando 20 anos de aniversário", diz.
Neste ano, a festinha de Flávia, como não poderia deixar de ser, também é em dose dupla. "Tenho direito a dois bolos e fiz questão de colocar no convite às minhas amigas as duas opções de idade", conta a menina, que curte ter nascido no dia 29. A mãe Elisabete, 39 anos, conta que o nascimento da filha era esperado para o dia 2 de março. "Mas, na noite do dia 28, comecei a ter contrações e fui para o hospital. Às 10h do dia seguinte, Flávia nasceu com 3 quilos e meio e 54 cm de comprimento."
O seu aniversário, às vezes, causa confusão na cabeça das pessoas nos anos em que fevereiro só tem 28 dias. "Tem gente que me dá parabéns no próprio dia 28, como meus avós e padrinhos, e outros, no dia 1º de março. Acho legal, porque me sinto diferente", diz.
Cartório só registra no dia 29
Ninguém pode mudar a data de nascimento, porque não gostou do dia em que nasceu. Os cartórios fazem o registro de acordo com o atestado emitido pelo hospital, em que consta a data e o horário exato do nascimento. Se o bebê nascer em casa, o procedimento é parecido. "O pai ou a mãe tem de apresentar uma declaração do nascimento com a presença de duas testemunhas", explica Mateus Brandão Machado, do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de Diadema. A certidão de nascimento é o primeiro documento de uma pessoa e é por meio dela que se torna possível fazer os demais documentos, como o RG (Registro Geral).
Data tem sabor especial
A sensação de comemorar o aniversário num dia especial também atrai Thaís Bezerra Nepomuceno Santos, 12 anos, de Diadema, que nasceu aos 30 minutos do dia 29 de fevereiro de 1992. "Digo que sou superdotada, porque agora estou completando 3 anos e já sei de tudo um pouco," diz a garota, que tem orgulho de sua data de nascimento. "Gosto de contar para todo mundo a data em que nasci, porque falam que eu sou a única pessoa que conhecem com essa característica".
A comemoração, neste ano, vai reunir a família em um restaurante. "Vamos aproveitar para festejar também o aniversário do meu irmão Denis, que nasceu dia 24 de fevereiro." Outra festa semelhante só ocorreu em 2000, no outro ano bissexto.
Isso acontece porque, para dar uma volta completa em torno do Sol, a Terra demora 365 dias e 6 horas, e é esse período que define a contagem de um ano. Como o calendário só considera os 365 dias, as seis horas restantes são acumuladas a cada quatro anos e forma-se mais um dia, o 29 de fevereiro. Assim, o ano bissexto fica com 366 dias (saiba mais nesta página).
Difícil de entender
Renan Rodrigues Balbi, 12 anos, de São Bernardo, acha difícil se sentir satisfeito por ter nascido em um ano bissexto; no caso dele, às 21h do dia 29 de fevereiro de 1992. "Não gosto muito disso, porque só vejo a data do meu aniversário se repetir de quatro em quatro anos. Nos outros anos, as pessoas me dão parabéns no dia 28". Com isso, Renan acha que o dia passa como se fosse outro qualquer.
Só hoje, essa sensação de vazio não vai se repetir, segundo o garoto. "Mesmo assim, me sinto um pouco estranho. Acho que tudo seria mais fácil se tivesse nascido no dia 28, data em que comemoro meu aniversário quando o ano não é bissexto".
Sensação estranha
"Queria fazer aniversário num dia comum, como os meus irmãos. O Lucas nasceu no dia 25 de outubro, e a Ketelyn, no dia 2 julho", diz Kerolayne de Ponte Guelfi, de Santo André, que hoje completa 8 anos. A garota se sente indiferente à data quando tem de festejar seu nascimento nos anos que não são bissextos. "Tem vez que comemoro no dia 28 de fevereiro, outras no dia 1º de março. Neste ano, o pessoal da escola diz que estou fazendo 2 anos".
Para tirar proveito da oportunidade, já que o próximo dia 29 de fevereiro só vai se repetir em 2008, Kerolayne resolveu pedir um presente reforçado: uma bicicleta.
História é muito antiga
A história do dia 29 de fevereiro se repetir a cada quatro anos começou na Alexandria, no antigo Egito, em 238 a.C. Na época, o rei Ptolomeu III decretou que fosse adicionado um dia a cada quatro anos para compensar a diferença existente entre o calendário civil de 365 dias com o calendário solar. O solar tem 365 dias e cerca de seis horas porque considera o tempo que a Terra gasta para dar uma volta completa em torno do Sol.
A mudança era importante para não interferir na marcação do início das estações do ano, que servem de base para a programação do cultivo na agricultura. Mas a idéia não foi bem aceita e só 200 anos depois foi adotada pelo imperador romano Júlio César. Esse calendário vigorou até o século XVI.
Daí, houve nova mudança para compensar um pequeno erro de minutos no cálculo do calendário juliano. Então, o papa Gregório XIII criou o calendário gregoriano determinando que nem todo ano divisível por quatro é bissexto. Os anos terminados em 00 só são bissextos se o número do ano for divisível por 400. Por isso, 1600 foi bissexto, mas 1700, 1800 e 1900 não. O ano 2000 foi bissexto também. Isso permanece até hoje.
Veículo: Diário do Grande ABC
Editora: Teresa Monteiro
Repórter: Sucena Resk
Data: 29 de fevereiro de 2004
Se tempo é relativo, por que preocupar-se com agenda?
Com a tecnologia e o conhecimento disponíveis hoje em dia, temos mais tempo de vida e menos tempo para viver
Nada no mundo é exato, preto no branco, sim ou não. Tudo o que o homem inventa tem uma gota de imperfeição. Nuances de cinza, "dependem" e "mais ou menos". Até o dia de hoje, que temos como certo. Nós só sabemos quantos anos temos e que dia fazemos aniversário porque alguém definiu, lá atrás, que um ano é composto de 365 dias. Quem fez isso, a bem da verdade, foi o imperador Júlio César, no que hoje conhecemos como o ano 45 a.C.
O problema é que o período que a Terra leva para completar sua órbita em torno do sol não é exatamente de 365 dias. Há uma sobra de 6 horas, ou mais exatamente 0,2422, número que o Papa Gregório II, em 1582, entendeu como sendo "quase 0,25" ou praticamente um quarto de dia. Assim, ele instituiu os chamados anos bissextos: a cada quatro anos, o ano teria 366 dias (dois números "6", por isso o termo "bissexto"). Mas, é claro, o arredondamento acabaria excedendo a conta, por isso os anos de 1700, 1800 e 1900 não foram considerados bissextos.
Você acha tudo isso meio confuso? Eu concordo. No fundo, acho estranho pensar que o tempo depende tanto de ordens aleatórias. Temos poucas certezas na vida, por isso é um conforto saber que depois da segunda-feira sempre vem a terça. O mundo viraria um caos se uma autoridade revogasse essa lei, de uma hora para outra. Afinal, tempo é coisa séria. Ninguém deixa de pagar multa por dia de atraso alegando ao banco que o calendário não passa de uma convenção imposta pela sociedade.
O mais curioso é que, no ano em que o Papa Gregório determinou a mudança do calendário, dez dias foram tirados da História sem que ninguém pudesse reclamar. Depois do dia 4 de outubro veio o dia 15. Quem fazia aniversário entre os dias 5 e 14 daquele mês deve ter se ofendido profundamente. Perdeu a chance de reunir os amigos e ganhar presentes, se é que naquela época havia esse tipo de comemoração. Eu detestaria abdicar da minha festa de 18 anos só porque os matemáticos e astrônomos estavam fazendo a conta errada.
Claro que, na vida pessoal, as regras relativas ao tempo têm um pouco menos de importância, até hoje, dependendo do rigor com que as pessoas dividem sua privacidade. Há mulheres e homens que simplesmente deixam de fazer aniversário depois de certa idade. A gente comparece às respectivas festas de 40 anos e, cinco anos depois, eles dizem estar com 42.
Mas quem sou eu para duvidar da máxima de Einstein, de que o tempo é relativo? Com tanta tecnologia e conhecimento disponíveis atualmente, cada um decide a idade que tem. As "vovós" de 50 anos, que há duas décadas assumiam as madeixas de algodão e a cintura alargada, hoje estão com a pele viçosa, os cabelos compridos e a alma ainda jovem. Tudo leva a crer que a existência humana vai se esticar cada vez mais, ao mesmo tempo em que esticar as rugas também vai ficando mais fácil, com as novas modalidades de cirurgia plástica.
É maravilhoso viver numa era em que as pessoas podem envelhecer com mais dignidade. Por outro lado, todos nós temos a impressão de que o tempo está ficando cada vez mais escasso. Que a Terra está mais ansiosa e gira com pressa em torno do Sol e dela mesma. É uma contradição maluca: ter mais tempo de vida e menos tempo para viver.
A saída, na minha opinião, é relativizar também as obrigações diárias. Incrementar as horas de prazer num dia, para ficar com a sensação de que a vida é mais leve. No dia seguinte, fazer um esforço para compensar a folga, não importa. O que interessa mesmo é ter a chance de administrar o tempo com um pouco menos de precisão, sem aquela neurose de olhar para o relógio e para a agenda o tempo todo. A recompensa é ganhar, lá na frente, uns 10 ou mesmo 20 anos de bônus.
Se para as crianças é difícil esperar um ano até o aniversário seguinte, o que dizer de quem nasceu no dia 29 de fevereiro? É quase como fazer anos no dia de São Nunca. Ou ganhar uma hora a mais quando termina o horário de verão. Ou festejar uma final de Copa do Mundo. Ou seja: é um bom dia para se comemorar, ainda que você tenha nascido em outro dia.
Autor: Lucília Diniz
Veículo: Diário de São Paulo
Data: 29 de fevereiro
Calendário marca história de famílias
Duas irmãs nasceram em 29 de fevereiro, em anos diferentes; aniversariantes contam como festejam data
Quem nasce no dia 29 de fevereiro só pode ver a data do seu aniversário no calendário a cada quatro anos. São os anos bissextos, como 2004, e por isso, a data de hoje é especial para muita gente. Dentre os aniversariantes de hoje, há histórias interessantes.
Bruna Peressin da Silva é "velha" conhecida do TodoDia. Quando ela nasceu no dia 29 de fevereiro de 2000, foi personagem de uma reportagem. Agora está comemorando quatro anos - ou o seu primeiro ano bissexto. Mas sua mãe, Andréia Cristina Peressin, moradora no bairro São Joaquim, em Santa Bárbara d"Oeste, brinca lembrando que a filha ainda não tem idade para entender estes detalhes do calendário.
Entretanto, por uma dessas coincidências da vida, há até uma forma mais fácil de acomodar as coisas. Outra filha de Andréia, a Thais, 12, também nasceu no dia 29 de fevereiro. Mas houve uma confusão na hora de fazer o registro e ela acabou sendo registrada como nascida no dia 28. Por isso, é mais fácil explicar para Bruna que, "por economia", eles fazem uma festa só, sempre no dia 28.
Geralda Augusta de Lima, moradora no bairro Mollon, de Santa Bárbara, que também faz aniversário hoje, diz que não se preocupa com isso. Ela completa 68 anos, de uma vida sofrida, mas que teve os seus momentos de felicidade e aventura.
Para Geralda, que aprendeu a ler sem ir à escola e que é "doida" por palavras cruzadas, a data de seu aniversário, seja no dia 29 de fevereiro, ou no dia 1º de março, já não tem muito mais importância. A religião que ela pratica, há dois anos, não comemora aniversários de nascimento.
Além disso, seu marido morreu há 20 anos e desde então ela não festejou mais. "Era ele que gostava de comemorar o aniversário de todos da família e depois da morte dele, não tive mais coragem de fazer festa", conta ela.
Geralda lembra que, na sua infância, seu aniversário também não era comemorado. "Minha mãe morreu quando eu tinha dois anos. Depois, fugi de casa aos 12 anos porque a minha madrastra me maltratava e passei a trabalhar como arrumadeira, crescendo então nas casas de patrões". Mas nem tudo foi tristeza. Como arrumadeira, ela lembra que, em Caçapava, onde nasceu, chegou a trabalhar para o então coronel Artur da Costa e Silva, que, depois, como general, foi presidente do Brasil.
Trabalhou também para a família de um tenente, que foi transferido para o Sul do País. "Gostava muito deles e naquela época, ainda adolescente, eu fiz viagens de avião e de navio junto com a família", conta. Mas confessa que, pelo fato de ter nascido em 29 de fevereiro, ficou contente em poder falar um pouco de sua vida.
Autor: Jorge Palma
Veículo: Jornal Todo Dia, Americana
Data: 29 de fevereiro
Saiba porque 2004 é ano bissexto
Depois de três anos, os nascidos no dia 29 de fevereiro poderão enfim comemorar o aniversário na data certa e ganhar presentes. É o primeiro ano bissexto do século XXI. Desta vez, o dia bissexto cairá num domingo coincidindo com os anos de 1920, 1948, 1976 e será novamente em 2032, 2060 e 2088.
O ano de 2004 terá um dia mais, portanto 366 dias. Para a maioria, não significa nada em especial. Contudo, segundo o astrônomo e diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Nelson Travnik, para um pequeno grupo, além de lembrar algumas superstições, é motivo de comemoração. Enfim, chegou a hora de festejar o aniversário no dia certo.Há três anos não aparecia nas folhinhas o dia 29 e a única opção era escolher o dia 28 ou 1º de março. Aniversariando de quatro em quatro anos, as brincadeiras dos amigos acrescentam que a velhice para esses, só chega após os 240 anos! A par dessa gozação surgem alguns embaraços quanto ao vencimento de dívidas, bem como, dúvidas de como tudo isso começou.
A intervenção de Júlio César
Segundo Travnik, no ano de 46 a.C, foi feita uma reforma no calendário por Júlio César. Isto porque o calendário lunar romano havia se transformado num caos completo, depois que os sacerdotes passaram a operá-lo com fins políticos, principalmente para alterar o tempo de serviço de vários funcionários. Júlio César apoiado então nos conselhos do astrônomo grego Sosígenes, resolveu implantar novas regras para o calendário. Este passou a considerar o ano regulado unicamente pelo Sol com uma duração média de 365,25 dias ou, 365 dias e 06 horas. Para apurar o excesso dessas seis horas, instituiu-se então um ciclo de quatro anos, os três primeiros com 365 dias e o quarto com 366. A designação do ano bissexto está associada às crendices relativas às influências dos números pares e ímpares. Para acrescentar o dia suplementar, Júlio César escolheu o mês de fevereiro que além de ser o mais curto, com 28 dias, era o último mês do ano entre os romanos que o consideravam um mês nefasto. No calendário, Juliano seria bissexto o ano divisível por quatro. No início tudo funcionou bem, mas depois de algum tempo sobrevieram erros gritantes.
A reforma papal
O calendário Juliano foi adotado por mais de 16 séculos. No ano de 730 d.C. o monge Beda constatou no Concílio de Nicéia, que o calendário Juliano estava errado e que no fim de 128 anos ocorria um atraso de um dia em relação ao inicio efetivo das estações. Isto porque, segundo Travnik, a duração média do ano Juliano era de 365,25 dias e não de 365,2422 dias que resultava numa diferença de 0,0078 dias ou, 11 minutos e 14 segundos. Em 400 anos no calendário Juliano, as estações adiantavam-se três dias. Por volta de século XVI o início da primavera já estava quase coincidindo com o Natal. "Alguém tinha que fazer alguma coisa e foi o papa Gregório XIII, que convocou o astrônomo e médico napolitano Luigi Lilio (1510-1576) e o matemático jesuíta alemão Cristophorus Clavius (1537-1612) e baseado nas regras elaboradas por esses dois cientistas, o papa editou a bula "Intergravissimas" de 24/02/1582, decretando a reforma do calendário", disse.
Essa reforma que deu origem ao calendário Gregoriano utilizado até hoje se constituiu no seguinte:
1º Diminuiu-se dez dias o ano de 1582. A quinta-feira 04 de outubro passou para a sexta-feira dia 15; 2º Os anos terminados por dois zeros só seriam bissextos quando múltiplos de 400; 3º Os dias do mês deixavam de ser contados por calendas, nonos e idos, passando a ser designados pelos números cardinais: 1,2,3 etc.
Com a nova distribuição dos anos bissextos em final de século, ficou sanado o erro de 3,1132 dias que se acumulavam no fim de 400 anos pelo calendário Juliano. Mesmo assim, segundo Travnik, o calendário Gregoriano não é perfeito e apresenta um excesso de 0,0003 dias em relação ao ano trópico (365,2422 dias), ou seja, 1,132 dias em quatro mil anos. Com isto, a cada 3.320 anos irá ocorrer o inverso, isto é, haverá um dia a menos e este será descontado também no mês de fevereiro. Portanto, nos anos de 3.320 e 6.640, fevereiro terá 27 dias. O ano Gregoriano tem 365 dias, 05 horas, 49 minutos e 12 segundos ou, um total de 31.556.952 segundos e o tempo gasto pela Terra para dar uma volta em torno do Sol é de 31.556.925 segundos. "É só fazer os cálculos ou viver mais 1316 anos para conferir. Isto tem levado alguns organismos a pensar em um novo calendário. Porém, por enquanto, essas tentativas não vingaram e parece que o calendário atual ainda vai permanecer por longo tempo", disse o astrônomo.
Em busca da precisão absoluta
Segundo Travnik, se a diferença de um dia em cada quatro mil anos é importante na datação de fatos históricos, em Astronomia, Ciência Espacial e cálculos relativísticos, tal é inadmissível. Para medir o tempo com máxima exatidão foram criados os relógios atômicos. O de Maser de Hidrogênio, por exemplo, possui uma precisão de 1 segundo a cada 10.000 anos. Atualmente, trabalha-se em outro relógio para estender esta precisão para 1 segundo a cada 1.000.000 de anos. O Brasil conta atualmente com 29 relógios atômicos no padrão de césio, 12 no padrão de rubídio e três de Maser de Hidrogênio. Tudo está sob a coordenação do Departamento do Serviço da Hora do Observatório Nacional, CNPq do Rio de Janeiro. Se você está interessado em saber a hora oficial do Brasil com precisão disque para (0+XX+21) 2580-6037.
Tempus Fugit - Carpe Diem
"No nosso cotidiano, o fluxo do tempo nos escapa e quando levamos em conta a nossa idade, raramente percebemos que ela representa o número de vezes que o nosso planeta orbitou o Sol. Quanto mais voltas ao redor do astro-rei presenciarmos, mais viveremos. Para regular o tempo, criamos um calendário governado por ele. É ele que rege nossa existência, nossas lembranças, nossas aspirações e nossos sonhos. A máxima acima em latim preconiza que "O Tempo passa célera, foge" - "Aproveita o dia, o momento", concluiu o astrônomo Travnik.
Veículo: Jornal de Piracicaba
Autor: Fernanda Moraes
Data: 29 de fevereiro
Ano bissexto, um legado de Júlio César
A César o que é de César: é a esta importante figura da história romana a quem devemos a iniciativa de adicionar um dia extra ao mês de fevereiro a cada quatro anos, como ocorre neste domingo, para recuperar a defasagem entre o ano solar e o calendário civil.
O ano trópico (tempo que a Terra leva para dar uma volta completa ao redor do Sol), no qual são baseados os cálculos para os calendários, transcorre entre duas passagens consecutivas do sol pelo ponto vernal (equinócio de primavera). A duração precisa do ano terrestre é de 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 48 segundos, ou 365,24221935 dias.
Antes do calendário juliano, instaurado sob o regime de Julio César, e que recebeu o nome do imperador, os romanos utilizavam o calendário arcaico de Numa (em homenagem ao rei sabino Numa Pompilius), de 355 dias, ou doze meses lunares. O atraso em relação ao calendário solar era compensado com meses intercalados fixados por um grupo de sacerdotes, os pontífices.
Na época das guerras civis, o sistema se descontrolou. No ano 45 a.C., César e o Grande Pontífice apelaram ao astrônomo grego Sosígenes de Alexandria para que encontrasse uma solução prática para uma defasagem que já se mostrava de grande importância.
Sosígenes criou então o ano de 365 dias e um dia intercalado a cada quatro anos, situado entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Como os romanos contavam os dias "ao contrário" para saber quanto tempo faltava para determinada data, o dia 24 de fevereiro era o sexto dia antes das "calendas" - o dia 1º de março. Os romanos o chamavam de "ante diem sextum kalendas Martias", abreviado a. d. VI kal. Mart.
O dia intercalado tornou-se então "ante diem bis sextum kalendas Martias", ou sexto dia repetido antes do início de março, e o ano com essas 24 horas a mais passou a ser chamado de "annus bissextilis", ou ano bissexto. O calendário juliano atribuía portanto ao ano uma duração média arredondada de 365,25 dias, o que causava uma defasagem de cerca de uma semana por milênio.
Este calendário, ainda deficitário, foi utilizado na Europa até a promulgação do calendário Gregoriano pelo Papa Gregório XIII em 1582. Rapidamente adotado pela maioria dos países católicos, o novo calendário, ainda em vigor, ajustou com mais precisão os anos bissextos, ao suprimir o dia 29 de fevereiro dos anos terminados em 00, divisíveis por 400. Com essa alteração, 2000 e 2004 são anos bissextos, 1900 e 2100 não são, por exemplo.
Ainda assim, este processo de contagem de tempo gera três dias extras a cada dez mil anos. Mas, devido a uma redução de meio segundo no ano trópico, a uma ampliação de 0,0016 segundo por século e às incertezas sobre a duração do ano dentro de cem séculos, podemos viver tranqüilamente com esta margem de erro em nosso cotidiano.
Sobretudo porque desde 1972, por necessidades ultraprecisas de indicação de horário, os ciclos irregulares de nosso planeta em torno do Sol são seguidos de perto pelo Serviço Internacional de Rotação da Terra, sediado em Paris, que adianta ou atrasa em um segundo, a cada 6 ou 60 meses e no último momento, os dias 30 de junho ou 31 de dezembro.
Personalidades de 29 de fevereiro
Apesar das crenças populares, muitas personalidades nascidas no dia 29 de fevereiro não tiveram problemas, e diriam que a data não é maldita. O único inconveniente é que elas só podem comemorar o aniversário a cada quatro anos. E há quem não ache o fato de todo mau. Como a atriz francesa Michèle Morgan, que nasceu em 1920.
"O privilégio de envelhecer quatro vezes mais devagar que todo mundo é apenas um dos fortúnios que a vida me trouxe", diz ela.
O compositor italiano do "Barbeiro de Sevilha", Gioacchino Rossini, nasceu em 29 de fevereiro de 1792 e morreu em 13 de novembro de 1868, em Paris.
Morgan está com 84 anos, e Rossini morreu com exatos 76 anos. Seria então o dia 29 de fevereiro um indício de longevidade?
Morarji Desai, primeiro-ministro indiano entre 1977 e 1979, nasceu na fatídica data no ano de 1896 e morreu poucos dias depois de festejar seu centésimo aniversário. E o pintor francês Balthus, que nasceu em 1908, morreu em 2001. O primeiro grego a conquistar um Prêmio Nobel de Literatura, o poeta Georges Seféris (1963), nasceu em 1900, e faleceu em 1971.
Entre as figuras bissextas mais recentes estão o ator francês Gérard Darmon (1948) e o dissidente cubano Oswaldo Payá (1952).
Neste domingo, Guy Philippe, comandante-em-chefe das forças insurgentes no Haiti, que nasceu em 1968, espera poder comemorar seu aniversário em Porto Príncipe, a capital do país.
Veículo: AFP
Estamos em um ano bissexto
Conte aí: sexta-feira é dia 27 de fevereiro, sábado é dia 28 e, domingo, dia 1º de março... Será que você não esqueceu alguma coisa? Estamos em um ano bissexto. Isso significa que, em 2004, fevereiro tem 29 dias.
Claro que há uma boa razão para isso. O sistema que usamos para contar o tempo é o calendário gregoriano, que surgiu com base em outros calendários inspirados no movimento de rotação da Terra. Uma volta do planeta em torno do seu eixo equivale a 1 dia e uma volta da Terra em torno do Sol equivale a 1 ano.
Para girar em torno de si mesmo, nosso planeta demora 24 horas. Já para dar uma volta completa em torno do Sol, a Terra demora exatamente 365 dias, 6 horas, 41 minutos e 59 segundos. Por isso nosso ano tem 365 dias, divididos em 12 meses. Mas a adoção deste sistema de contagem de tempo trouxe um problema: o que fazer com as 6 horas, 41 minutos e 59 segundos que sobravam?
Foram os egípcios de Alexandria que, há mais de 2.200 anos atrás, tiveram a idéia de, a cada 4 anos, adicionar 1 dia a mais ao calendário, para compensar as seis horas restantes (deixaram para lá os 41 minutos e 59 segundos).
Faça as contas:
6 horas do 1º ano + 6 horas do 2º
+ 6 horas do 3º + 6 horas do 4º ano = 24 horas
Dá um dia certinho, que a cada quatro anos aparece na folhinha como o dia 29 do mês de fevereiro.
Por que o nome bissexto?
O imperador romano Júlio César trouxe a idéia do ano bissexto para o ocidente. Ele até importou um astrônomo para elaborar o novo calendário: o grego Sosígenes. Sosígenes só não sabia em que parte do ano colocar o dia que estava sobrando. Júlio César ordenou que ele fosse "o dia sexto antes das calendas de março". Em latim, isso seria dito assim: "bis sextum ante diem calendas martii".
Você sabia?
Existem outras maneiras de contar o tempo. Os chineses, por exemplo, baseiam seu calendário nos movimentos da Lua e dividem o tempo em ciclos de 60 anos. Mas o calendário gregoriano é o que foi escolhido para ser universal, reconhecido por todos os países.
Na telinha
O canal de TV a cabo Fox Kids comemora o ano bissexto com o especial Heróis Fora de Órbita, no domingo, às 12h. Trata-se de uma comédia que faz piada de séries famosas de ficção científica, com atores famosos como Sigourney weaver, Alan Rickman e Tony Shalhoub.
Veículo: Uol
Terra pára de atrasar e intriga cientistas
Desde 1972 os cientistas vinham acrescentando um "segundo bissexto" ao último dia de cada ano
Boulder, EUA - Pelo quinto ano consecutivo, o planeta Terra completa o ano no instante exato, deixando cientistas intrigados. Especialistas concordam que o movimento da Terra em torno do Sol vem diminuindo em velocidade ao longo dos milênios. Para manter a hora oficial batendo com a posição do planeta no espaço, desde 1972 os cientistas vêm acrescentando um "segundo bissexto" ao último dia de cada ano.
Por 28 anos, o procedimento se manteve. Mas, em 1999, descobriu-se que a Terra tinha parado de atrasar. No Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, em Boulder, Colorado (EUA), o porta-voz Fred McGehan disse que não há uma explicação fechada para o fato de o planeta ter voltado, de repente, a cumprir o horário.
Possíveis explicações envolvem as marés, mudanças climáticas ou no núcleo da Terra, disse ele.
O "segundo bissexto" foi uma conseqüência inesperada da invenção, em 1955, do relógio atômico, que usa a radiação de um átomo de césio para medir o tempo e é extremamente preciso. A diferença de um segundo a cada ano pode ter um efeito tremendo sobre satélites de comunicação, tráfego aéreo e computadores.