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21 de Maio de 2007
Clipping - Diário de São Paulo - Casamento com brasileira custa de R$ 1 mil a R$ 3 mil na capital
Nigerianos estão pagando para se casar e, assim, garantir a permanência legal no país. PF recebeu denúncia de mais de 10 arrependidas
A comunidade nigeriana que vive ilegalmente na Capital arrumou um "jeitinho brasileiro" para permanecer no país: a "compra" de casamentos. Ao registrar o matrimônio com uma brasileira, o nigeriano consegue o visto de permanência para trabalhar e viver livremente em todo o território nacional. O preço pago à mulher para consumar o casório varia entre R$ 1 mil a R$ 3 mil.
A Polícia Federal confirma a fraude e informa que vem investigando o estelionato com operações rotineiras. "Foram constatados pela PF vários casamentos arranjados. Passados seis meses, a mulher vem até aqui e diz que o cara (nigeriano) abandonou ela e até os filhos", admite o chefe do núcleo operacional da Delegacia de Imigração em São Paulo, o delegado José Márcio Lemos.
Nos últimos 12 meses, mais de dez mulheres denunciaram o esquema para a PF, dizendo-se arrependidas com o casamento arranjado.
A polícia, por sua vez, diz que tem dificuldade para localizar os acusados porque os nigerianos mudam sistematicamente de endereço. A maioria no entanto, está vivendo legalmente na cidade, com o visto de turista. "Apenas uma minoria, cerca de 10% da comunidade que mora em São Paulo, está ilegal", completou o delegado.
Cidade abriga 4 mil
A comunidade da Nigéria no Brasil estima que quase 4 mil nigerianos residam na Capital. Deste número, mais da metade estaria vivendo de forma irregular na cidade. Mais de 95% das ocorrências policiais envolvendo nigerianos na cidade são de tráfico de drogas.
O próprio presidente da Comunidade, Beruck Nwabazafil, reconhece a compra de casamentos. "Sim, este esquema existe, sim. É uma forma que a comunidade estrangeira encontrou para permanecer no país. Mas não são apenas os nigerianos que compram casamentos. Todo estrangeiro que quer permanecer no Brasil faz isso", ameniza.
A pedido do DIÁRIO, a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo realizou uma pesquisa nos 58 cartórios da Capital. Na sede da Casa Verde, na zona Norte, por exemplo, houve uma "explosão" da união civil entre nigerianos e brasileiros na Capital. Foi um crescimento de 90%.
De março de 2006 a março deste ano, 38 nigerianos casaram com brasileiras na região, enquanto que, de março de 2005 a fevereiro de 2006 o número de uniões entre casais dos dois países foi de 20 matrimônios.
Parceiras dão endereços falsos
A reportagem do DIÁRIO conseguiu levantar o endereço de sete mulheres que vivem na cidade de São Paulo e que se casaram com nigerianos nos últimos anos. Deste grupo, apenas uma forneceu ao cartório endereço verdadeiro e realmente mantém uma relação estável com o cônjuge africano. Os outros endereços eram todos falsos.
Duas mulheres, por exemplo, que se casaram em dezembro de 2006 e em janeiro deste ano deram o mesmo endereço para a direção do cartório. O DIÁRIO esteve no local, no bairro da Casa Verde, na Zona Norte, e os moradores confirmaram que nenhuma das duas jamais morou na residência.
Ainda na Zona Norte, um comerciante se assustou quando o repórter perguntou por uma mulher que havia se casado com um nigeriano e que havia dado aquele endereço como sendo sua residência fixa para o cartório. "Nunca ouvi falar no nome desta mulher: Aqui, ela nunca morou. Vivo nesta casa com minha família há quase oito anos", afirmou o comerciante.
Polícia vai indiciar mulheres que vendem casamentos a nigerianos
A Polícia Civil de São Paulo promete indiciar por crime de falsidade ideológica as mulheres brasileiras que se casam por dinheiro com nigerianos em São Paulo. Ontem, o DIÀRIO revelou que o esquema existe na cidade e que teve aumento de casamentos "comprados" em até 90%, como ocorreu, por exemplo, no cartório da Casa Verde, Zona Norte da Capital.
Pela compra do falso matrimônio, o nigeriano paga de R$ 1 mil a R$ 3 mil. Com o registro de casamento com mulher brasileira, os africanos conseguem o visto de permanência para trabalhar e viver livremente no país.
"Vamos jogar pesado contra aqueles que praticam este crime. Precisamos ser severos como em qualquer lugar do mundo. Os brasileiros que vivem de forma ilegal lá fora são punidos", avisa o delegado Dejar Gomes Neto, da 1ª Delegacia Seccional.
Investigação
A Polícia Federal confirmou a fraude e informou que mais de dez mulheres já confirmaram que "venderam" casamentos para homens nigerianos. Arrependidas, elas foram até a sede da PF para avisar o Departamento de Imigração sobre a armação. "Depois de um tempo casadas, elas se arrependem e denunciam os próprios maridos, que as deixam com filhos e o tudo mais", conta o delegado José Lemos, chefe operacional da Delegacia de Imigração em São Paulo.
Ocorrências no Centro
A pedido do DIÁRIO, o delegado Dejar Gomes Neto, da 1ª Delegacia Seccional, fez um levantamento das ocorrências envolvendo nigerianos na cidade nos últimos seis meses. O balanço foi realizado na região central, onde se concentra o maior número de africanos em São Paulo. Neste período, foram 23 ocorrências, que vão de tráfico de drogas e furtos a desacato a autoridade e tentativa de homicídio.
"Como são fortes, muitos enfrentam a polícia. A convivência é muito difícil", reconheceu o delegado.
A comunidade nigeriana que vive ilegalmente na Capital arrumou um "jeitinho brasileiro" para permanecer no país: a "compra" de casamentos. Ao registrar o matrimônio com uma brasileira, o nigeriano consegue o visto de permanência para trabalhar e viver livremente em todo o território nacional. O preço pago à mulher para consumar o casório varia entre R$ 1 mil a R$ 3 mil.
A Polícia Federal confirma a fraude e informa que vem investigando o estelionato com operações rotineiras. "Foram constatados pela PF vários casamentos arranjados. Passados seis meses, a mulher vem até aqui e diz que o cara (nigeriano) abandonou ela e até os filhos", admite o chefe do núcleo operacional da Delegacia de Imigração em São Paulo, o delegado José Márcio Lemos.
Nos últimos 12 meses, mais de dez mulheres denunciaram o esquema para a PF, dizendo-se arrependidas com o casamento arranjado.
A polícia, por sua vez, diz que tem dificuldade para localizar os acusados porque os nigerianos mudam sistematicamente de endereço. A maioria no entanto, está vivendo legalmente na cidade, com o visto de turista. "Apenas uma minoria, cerca de 10% da comunidade que mora em São Paulo, está ilegal", completou o delegado.
Cidade abriga 4 mil
A comunidade da Nigéria no Brasil estima que quase 4 mil nigerianos residam na Capital. Deste número, mais da metade estaria vivendo de forma irregular na cidade. Mais de 95% das ocorrências policiais envolvendo nigerianos na cidade são de tráfico de drogas.
O próprio presidente da Comunidade, Beruck Nwabazafil, reconhece a compra de casamentos. "Sim, este esquema existe, sim. É uma forma que a comunidade estrangeira encontrou para permanecer no país. Mas não são apenas os nigerianos que compram casamentos. Todo estrangeiro que quer permanecer no Brasil faz isso", ameniza.
A pedido do DIÁRIO, a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo realizou uma pesquisa nos 58 cartórios da Capital. Na sede da Casa Verde, na zona Norte, por exemplo, houve uma "explosão" da união civil entre nigerianos e brasileiros na Capital. Foi um crescimento de 90%.
De março de 2006 a março deste ano, 38 nigerianos casaram com brasileiras na região, enquanto que, de março de 2005 a fevereiro de 2006 o número de uniões entre casais dos dois países foi de 20 matrimônios.
Parceiras dão endereços falsos
A reportagem do DIÁRIO conseguiu levantar o endereço de sete mulheres que vivem na cidade de São Paulo e que se casaram com nigerianos nos últimos anos. Deste grupo, apenas uma forneceu ao cartório endereço verdadeiro e realmente mantém uma relação estável com o cônjuge africano. Os outros endereços eram todos falsos.
Duas mulheres, por exemplo, que se casaram em dezembro de 2006 e em janeiro deste ano deram o mesmo endereço para a direção do cartório. O DIÁRIO esteve no local, no bairro da Casa Verde, na Zona Norte, e os moradores confirmaram que nenhuma das duas jamais morou na residência.
Ainda na Zona Norte, um comerciante se assustou quando o repórter perguntou por uma mulher que havia se casado com um nigeriano e que havia dado aquele endereço como sendo sua residência fixa para o cartório. "Nunca ouvi falar no nome desta mulher: Aqui, ela nunca morou. Vivo nesta casa com minha família há quase oito anos", afirmou o comerciante.
Polícia vai indiciar mulheres que vendem casamentos a nigerianos
A Polícia Civil de São Paulo promete indiciar por crime de falsidade ideológica as mulheres brasileiras que se casam por dinheiro com nigerianos em São Paulo. Ontem, o DIÀRIO revelou que o esquema existe na cidade e que teve aumento de casamentos "comprados" em até 90%, como ocorreu, por exemplo, no cartório da Casa Verde, Zona Norte da Capital.
Pela compra do falso matrimônio, o nigeriano paga de R$ 1 mil a R$ 3 mil. Com o registro de casamento com mulher brasileira, os africanos conseguem o visto de permanência para trabalhar e viver livremente no país.
"Vamos jogar pesado contra aqueles que praticam este crime. Precisamos ser severos como em qualquer lugar do mundo. Os brasileiros que vivem de forma ilegal lá fora são punidos", avisa o delegado Dejar Gomes Neto, da 1ª Delegacia Seccional.
Investigação
A Polícia Federal confirmou a fraude e informou que mais de dez mulheres já confirmaram que "venderam" casamentos para homens nigerianos. Arrependidas, elas foram até a sede da PF para avisar o Departamento de Imigração sobre a armação. "Depois de um tempo casadas, elas se arrependem e denunciam os próprios maridos, que as deixam com filhos e o tudo mais", conta o delegado José Lemos, chefe operacional da Delegacia de Imigração em São Paulo.
Ocorrências no Centro
A pedido do DIÁRIO, o delegado Dejar Gomes Neto, da 1ª Delegacia Seccional, fez um levantamento das ocorrências envolvendo nigerianos na cidade nos últimos seis meses. O balanço foi realizado na região central, onde se concentra o maior número de africanos em São Paulo. Neste período, foram 23 ocorrências, que vão de tráfico de drogas e furtos a desacato a autoridade e tentativa de homicídio.
"Como são fortes, muitos enfrentam a polícia. A convivência é muito difícil", reconheceu o delegado.