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28 de Abril de 2023

G1 Itapetininga - Cartórios de Itapetininga não registram casamentos entre menores desde 2018; psicóloga alerta sobre relação

Entre 2015 a 2017, cidade não registrou casamento entre menores, segundo dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP).

Na contramão da tendência nacional, Itapetininga (SP) não registra oficialmente casamento envolvendo menores de idade desde 2018, como apontam dados da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP).

Em média, ao menos oito casamentos envolvendo adolescentes são registrados diariamente no Brasil, segundo a Arpen, que reúne dados de registros civis de 7.654 cartórios de todo o país.

O assunto ganhou os noticiários após o prefeito de Araucária (PR), Hissam Hussein Dehaini, de 65 anos, se casar com uma garota de 16 anos.

Conforme dados disponibilizados pela Arpen-SP ao g1, oito adolescentes registraram união matrimonial em Itapetininga, entre 2015 a 2017. O sexo e a idade dos casais não foram divulgados.

Até março deste ano, não houve registro de casamento envolvendo menores (confira dados abaixo).

Casamentos entre menores de idade em Itapetininga

Ano Casamentos

2015 4

2016 3

2017 1

Fonte: Arpen-SP

O Código Civil determina que a idade mínima para qualquer pessoa se casar é de 16 anos.

Contanto, para a psicóloga Mariana Harumi, os jovens não possuem a plena autonomia e responsabilidade psicológica para um casamento. Segundo ela, o cérebro humano ainda está em processo de formação até os 25 anos de idade, o que pode ocasionar em decisões inconsequentes.

“Nessa faixa etária, dos 16 aos 19, a questão hormonal também ainda está se estabilizando. Isso implica em atos muito impulsivos. (...) corre o risco desse adolescente tomar decisões que ele não está preparado para tomar”.

Mariana orienta ainda que as relações devem ser construídas após o indivíduo desenvolver um autoconhecimento.

“Casar-se é uma decisão muito séria e, comprovadamente pelo corpo orgânico e pelo sistema emocional, ele [jovem] não está preparado para tomar uma decisão dessa potência. O que seria ideal? que eu me case com alguém a partir do que eu sei de mim. Escolher um parceiro sem todas essas questões pessoais resolvidas, é um risco enorme”, comenta.

Conforme explica a psicóloga, a diferença entre gerações e diferentes fases da vida podem atrair os jovens.

“É também muito comum que se deseje aquilo que se admira e que talvez eles queiram ser. [Os adolescentes] encontram alguém que já é independente, que trabalha, que têm a autonomia e liberdade que eles não têm, e isso seduz. Mas é um engano. Não é, às vezes, apaixonamento pelo outro, mas pela situação que esse outro vive e pela fantasia que se incita na psique deles”, salienta Mariana.

Violência psicológica

Harumi ainda alerta para o desenvolvimento de relacionamentos abusivos entre adolescentes e adultos.

“Nós temos que ter consciência disso: um risco sobre o adulto utilizar da maturidade, experiência e do teu olhar de vida para manipular o adolescente. Então os riscos de uma relação abusiva entre menor e maior acabam tendo uma probabilidade maior de ocorrer”.

Apesar de não haver registros, a psicóloga expõe que muitas relações não são oficializadas. “[Muitos] casamentos ocorrem de forma informal, vão morar juntos e isso continua ocorrendo. Acho que as pesquisas são falhas e existem ainda poucos estudos que mapeiam essa situação”, finaliza.

Fonte: G1 – Itapetininga e região

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