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G1 Piracicaba - Registros de nascimentos crescem pelo segundo ano consecutivo em Piracicaba, mas não superam índice pré-pandemia
A natalidade já vinha
diminuindo antes da pandemia, mas caiu mais ainda em 2021 e voltou a aumentar
em 2022, segundo a Arpen-SP.
Pelo segundo ano
consecutivo, Piracicaba
(SP) apresentou um crescimento no número de
nascimentos registrados. A natalidade já vinha diminuindo, mas caiu mais
ainda em 2021 e voltou a aumentar em 2022, seguindo o mesmo fluxo em 2023.
No entanto, apesar da nova alta, os índices ainda não superam a quantidade
registrada antes da pandemia da Covid-19.
Os dados da Associação dos
Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP) mostram o
número de nascimentos por município a partir de 2015. No caso da
metrópole, o pico nos registros foi justamente naquele ano, quando foram 5.657 bebês
registrados na cidade.
A partir de 2015, porém, o índice
foi caindo, até atingir o menor número em 2021. Em 2022 a tendência dos dados
começou a mudar e registrou alta, assim como em 2023.
Já em Limeira (SP), segunda maior cidade da região, o pico de nascimentos foi
em 2018, quando 4.129 bebês foram registrados. Seguindo a mesma tendência da
metrópole, o número foi caindo até 2021, e voltou a registrar alta em 2022. Em
2023 uma leve queda nos registros de nascimentos. Veja no gráfico 👇
De acordo com o pediatra,
coordenador do Programa Saúde da Criança de Piracicaba e mestre em Saúde
Pública, Dr. Rogerio Tuon, a queda em 2021 foi uma resposta direta à pandemia
da Covid-19. Segundo ele, muitas famílias postergaram o planejamento de ter um
filho por conta da emergência sanitária.
"Com a pandemia de Covid,
com o susto que foi para todo mundo, aquela coisa incerta, ainda com o risco de
acometimento de mulheres grávidas que têm um risco de maior gravidade, não se
sabia muito bem o que poderia acontecer", argumentou.
No entanto, o médico afirma que a
tendência das últimas décadas, mesmo antes dos anos 2000, é de redução do
número de nascimentos, ou seja, o movimento vem bem antes da pandemia da
Covid-19.
"De um modo geral, o Brasil
vem diminuindo a taxa de fertilidade já desde os anos 60, mais ou menos. As
mulheres tinham um monte de filhos, tinham seis filhos em média, depois foi
diminuindo", completou. Segundo ele, a partir de 2020 a taxa de fecundidade
é de 1,65 filho por mulher, em média.
Poder de escolha
Essa redução da quantidade de
filhos por família pode ter vários fatores, mas o principal deles é
o aumento do poder de escolha das mulheres e também o avanço
delas no mercado de trabalho.
"Com as mulheres entrando
para valer no mercado de trabalho, elas têm que trabalhar e ficar fora da casa
e naquela loucura, então elas decidem muitas vezes a ter menos filhos
mesmo", argumentou.
O médico explica que também o
aumento do acesso à escolaridade nas últimas décadas, políticas
públicas para educação sexual e planejamento familiar e
a disseminação de informações sobre o assunto também impactaram diretamente
nessa redução. "Elas agora podem ter a decisão de querer ou não ter
filhos", explicou.
"É uma sociedade que está
mais consciente, é uma sociedade que a mulher está mais valorizada. Ela decide
mais as questões da vida dela, então isso é um ganho pra toda a
sociedade", completou.
A exemplo, o médico citou a lei
que entrou
em vigor em março de 2023, que dispensa o aval do
cônjuge para realização de laqueadura e vasectomia, e permite que o
procedimento seja feito a partir dos 21 anos, sem necessidade de ter filhos.
O pediatra também ressaltou que
os métodos anticoncepcionais avançaram nas últimas décadas e atualmente existem
várias formas de evitar uma gravidez - a maioria delas disponível no Sistema
Único de Saúde (SUS), gratuitamente.
Tendência para o futuro
O médico Dr. Rogério Tuon também
afirmou que a tendência de queda na quantidade de nascimentos deve continuar,
mas não é um movimento a ser observado tão rapidamente. Isso deve ser sentido
ao longo das próximas décadas.
"Daqui mais 30 anos, por
exemplo, na segunda metade do século XXI, com certeza a gente vai ter uma queda
dos números de nascidos vivos em termos do Brasil inteiro, em todas as
regiões", opinou.
Segundo ele, isso pode vir a ser
um motivo para os economistas começarem a pensar um outro modelo de
funcionamento do país. "É aquela coisa de você ter o número de pessoas que
nascem menor do que o número de pessoas que morrem", explicou.
Ele afirmou que a queda na taxa
de nascimentos é uma tendência de países que estão se desenvolvendo e a
população envelhece "Mas isso, na minha opinião, vai demorar",
finalizou.
Ranking de nomes
Os nomes Miguel e Helena foram os
nomes mais escolhidos por mães e pais para registrar seus filhos em 2023 em
Piracicaba. Os dados fazem parte do levantamento da Arpen-SP, divulgado em
dezembro.
Miguel lidera a lista de nomes
masculinos pelo sexto ano consecutivo, com 75 registros. Já Helena foi o
segundo nome mais escolhido para meninas em 2022 e agora é o primeiro, com 69
registros.
Outros nomes que figuram entre os
10 mais escolhidos são Alice e Gael, que também ficaram bem posicionados em
2022. Veja
o ranking.
Fonte: G1 Piracicaba