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Presidente do STF abre Ano Judiciário de 2025 e destaca união entre Poderes pelos princípios da Constituição
Ministro Luís Roberto Barroso falou também
sobre programas e iniciativas para o ano e ressaltou produtividade da Justiça
brasileira.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Luís Roberto Barroso, abriu o Ano Judiciário de 2025 com a celebração
da força das instituições e do diálogo democrático e harmônico entre os
Poderes. “Não há pensamento único, porque isso é coisa de ditaduras. As
diferentes visões de mundo são tratadas com respeito e consideração”, afirmou.
“Os três Poderes aqui presentes são unidos pelos
princípios e propósitos da Constituição. Somos independentes e harmônicos como
manda a Constituição. Porém, mais que isso, somos pessoas que se querem bem e,
acima de tudo, querem o bem do Brasil”, declarou o presidente do STF.
A sessão solene de abertura teve a presença dos
presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva; do Senado, Davi
Alcolumbre; e da Câmara, Hugo Motta; além do procurador-geral da República,
Paulo Gonet; do presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Beto Simonetti; e autoridades dos Três Poderes.
Em seu discurso, Barroso destacou programas e
iniciativas desenvolvidos pela Corte. Entre eles, a agenda de sustentabilidade
do STF, com a instalação de uma usina fotovoltaica para fornecimento de energia
elétrica ao Tribunal e o plantio de 5.500 mudas de árvores no bosque do
Supremo. Houve ainda o lançamento do programa Justiça Carbono Zero, que prevê
que todos os tribunais do país deverão alcançar a neutralidade nas emissões de
carbono até 2030.
O ano que se inicia também será marcado pelo
funcionamento de duas inovações tecnológicas lançadas no final de 2024: a
ferramenta de Inteligência Artificial generativa MarIA, que vai auxiliar o
trabalho de ministros e assessores, e o Portal Único de Serviços do Judiciário,
com uma base de dados com todos os processos em tramitação no país.
Produtividade
O presidente do STF lembrou em sua fala da racionalização
dos casos judiciais como parte do esforço de aumentar a qualidade do serviço
prestado pelo Judiciário à sociedade. A atuação conjunta do STF e do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) permitiu a extinção de 8,4 milhões de execuções
fiscais que estavam paradas há mais de um ano na Justiça a partir de medidas
extrajudiciais de cobrança.
Em outra frente, os esforços se concentraram em mapear
as ações contra o Poder Público, com a elaboração de um diagnóstico que servirá
para se pensar as soluções, inclusive propondo medidas ao Poder Legislativo.
Uma resolução do CNJ também foi aprovada para diminuir a quantidade de
reclamações trabalhistas no país, facilitando a homologação de acordos
extrajudiciais sem ajuizamento de ação.
De acordo com os números gerais do Judiciário
apresentados por Barroso, houve uma redução de cerca de quatro milhões de
processos em 2024 em relação ao ano anterior. Atualmente, são 80 milhões de
processos pendentes. “O Judiciário brasileiro é um dos mais produtivos do
mundo”, afirmou o ministro Barroso.
Ainda conforme os dados, o custo do Judiciário é de R$
132,8 bilhões (1,2% do PIB). “É um custo que, em termos percentuais, vem
decrescendo ao longo dos anos. Em 2009, o Poder Judiciário da União
representava 4,83% do orçamento fiscal. Em 2025, ele será de 2,93%”, frisou o
presidente.
Além disso, o valor arrecadado pelo Judiciário em 2024
foi de R$ 56,74 bilhões, cifra que equivaleu a 52% das despesas totais da
Justiça. “Nós somos contra todo o tipo de abuso, e a Corregedoria Nacional de
Justiça, liderada pelo ministro Mauro Campbell Marques, está atenta. Mas é
preciso não supervalorizar críticas que muitas vezes são injustas ou frutos da
incompreensão do trabalho dos juízes”, declarou o presidente do STF.
Direitos fundamentais
Barroso também destacou a promoção dos direitos
fundamentais pelo STF e CNJ ao longo do último ano. Em dezembro, o plenário do
Supremo homologou o Plano Pena Justa para enfrentar questões críticas no
sistema prisional brasileiro. Depois de seu lançamento oficial, previsto para
12 de fevereiro, estados terão o prazo de seis meses para elaborar seus
próprios planos.
Voltada aos tribunais pelo país, a implementação da
paridade de gênero vem tendo grande sucesso, disse Barroso. A iniciativa visa
atingir um mínimo de 40% das cadeiras nos tribunais de segundo grau ocupadas
por mulheres. Outra iniciativa voltada à composição do Judiciário é o programa
de bolsas para candidatos negros. “Espera-se fazer com que a demografia da
magistratura fique mais parecida com a da sociedade brasileira”, afirmou o
ministro.
Inaugurado em 2024, o Exame Nacional de Magistratura
foi realizado duas vezes e contabilizou a aprovação de 11 mil candidatos. “O
exame vai criar um padrão nacional de qualidade para a magistratura e eliminar
rumores sobre coisas erradas em alguns concursos”, disse Barroso. Em abril,
também será realizado o Exame Nacional de Cartórios.
Ano Judiciário
A partir de quarta-feira (5), o STF retoma as sessões
de julgamento nas quartas e quintas-feiras. Na primeira, estão na pauta a
validade de prova obtida a partir de revista íntima de visitantes em
estabelecimento prisional, tema do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE)
959620, a redução da letalidade policial no Estado do Rio de Janeiro, na
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, e a anistia
política concedida em 2020 a cabos da Aeronáutica afastados pelo governo
militar em 1964 na ADPF 777.
Fonte: STF