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Registre-se! + Pop Rua Jud: cidadania e acesso à Justiça a pessoas em situação de vulnerabilidade
Mais de 7,2 mil certidões emitidas em SP.
O Tribunal de Justiça de São Paulo participou, na última
semana, de mais uma ação conjunta voltada à promoção da cidadania e ao acesso à
Justiça: a 3ª Semana Nacional do Registro Civil – Registre-se! e o Mutirão Pop
Rua Jud. Realizadas, mais uma vez, de forma integrada, as iniciativas atenderam
à população em situação de rua da cidade de São Paulo, oferecendo serviços
essenciais e garantindo direitos básicos. Entre os dias 12 e 16 de maio,
servidores do Judiciário paulista e de 30 instituições parceiras atuaram na
Praça da Sé, região central da Capital, prestando apoio jurídico, regularização
de documentos e diversos atendimentos assistenciais. Fomentadas pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), as ações foram coordenadas pelo TJSP, por meio da
Corregedoria Geral da Justiça, e pelo Tribunal Regional Federal da 3ª
Região.
Alex, de 64 anos, procurou o mutirão em busca de orientações
sobre sua obrigação de comparecimento pessoal durante o cumprimento da
suspensão condicional de pena. No atendimento, descobriu que precisará ir ao
Complexo Criminal da Barra Funda apenas mais uma vez antes da extinção da
punibilidade. Aproveitou a ação para resolver outras pendências: tirou a
segunda via do RG e do certificado de reservista, conseguiu vaga para
atendimento odontológico e teve acesso à alimentação. “Me ajudou muito”,
afirmou.
Pelo TJSP, foram oferecidas emissão de certidões de
distribuição cível, criminal e de execução criminal; pesquisas processuais;
análise de extinção de pena de multa; registro de comparecimento para pessoas
em regime aberto e livramento condicional; análise de pedidos de indulto; e
orientações processuais. As equipes da Secretaria da Primeira Instância (SPI) e
do Departamento Estadual de Execuções Criminais (Deex) foram responsáveis por
535 atendimentos, em parceria com a Defensoria Pública. “Orientamos em tudo o
que pudemos, fazendo uma ponte com as outras instituições e solicitando
prioridade nos atendimentos”, afirmou Airton José Vieira, que atua na área de
Execução Criminal.
Outras instituições também receberam pessoas em busca de
seus direitos, como é o caso da Associação dos Registradores de Pessoas
Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP), que atendeu a Ana Lúcia, de 44
anos, para localizar e tirar a 2ª via do Registro Civil dos pais idosos. “Se
não tivesse o evento, eu teria que pedir para algum parente que está no
Nordeste procurar as certidões, porque não sabemos em que cartório elas estão”,
disse. Foram 7.254 certidões expedidas ao longo da semana, sendo 6.412 de nascimento
e 842 certidões de casamento.
Participaram, ainda, o Exército Brasileiro, a Receita
Federal, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, o Ministério Público do
Estado de São Paulo, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo (OAB
SP), o Governo de São Paulo, a Prefeitura de São Paulo, o Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS), o Poupatempo e Organizações Não Governamentais (ONGs),
entre outras entidades.
Abertura
No primeiro dia do evento, representantes das instituições
se reuniram no Palácio da Justiça e, em seguida, dirigiram-se para a Praça da
Sé, para acompanhar os primeiros atendimentos. Em vídeo, o corregedor nacional
de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, responsável pela realização do
Registre-se!, destacou que o objetivo é “que as pessoas sem registro deixem de
ser invisíveis, para que sejam vistas, tenham voz e tenham seus direitos
garantidos”.
O presidente do TJSP, desembargador Fernando Antonio Torres
Garcia, enalteceu os esforços do Judiciário e seus servidores. “Um evento como
esse faz com que os cidadãos fiquem mais próximos do Judiciário e de todas as
instituições que aqui atuam”, ressaltou.
O corregedor-geral da Justiça, desembargador Francisco
Eduardo Loureiro, salientou que “a falta de registro civil é, talvez, o maior
mal enfrentado por quem vive à margem da sociedade, porque, sem esse documento
básico, o cidadão simplesmente não existe para o estado — e, por consequência,
não acessa políticas públicas".
No último dia, o corregedor recebeu o conselheiro do CNJ
Guilherme Guimarães Feliciano, que percorreu o evento e visitou tendas de
diversas instituições.
Cidadania integral
A iniciativa também promoveu ações voltadas à cidadania, com
a oferta de serviços diversos que contribuíram para o bem-estar e a dignidade
dos atendidos. Entre eles, manicure e barbearia, oferecidos pela ONG Social Bom
Jesus e pelo Centro de Formação e Capacitação do Movimento Estadual da
População de Rua, respectivamente, que ajudaram a fortalecer a autoestima dos
participantes. Houve ainda cuidados para animais de estimação e o Instituto
Sustexmoda distribuiu cerca de 10 mil peças de roupas. As vestimentas, oriundas
de apreensões da Receita Federal, passaram por processo de descaracterização e
ressignificação dentro de um projeto que capacita refugiados e migrantes
afegãos — promovendo inclusão social, sustentabilidade e evitando o descarte em
aterros ou incineração.
Outras iniciativas no estado
No último mês, o Pop Rua Jud uniu esforços em comarcas do
interior do estado, com orientações processuais, emissão de certidões, análise
de extinção de pena de multa por impossibilidade de pagamento, entre outros
serviços. Entre os dias 1º e 2 de abril, a ação esteve em Campinas, sob a
coordenação da juíza da 2ª Vara das Execuções Criminais da comarca, Carla dos
Santos Fullin, e totalizou cerca de 40 atendimentos pelo Judiciário paulista.
Já entre os dias 23 e 25 de abril, São Bernardo do Campo sediou seu primeiro
mutirão, coordenado pela juíza da 3ª Vara de Execuções Criminais da Capital,
Andréa Barreira Brandão. Na ocasião, 81 pessoas foram atendidas pelo TJSP.
Fonte: TJSP