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10 de Outubro de 2022

Uma década sem Hebe Camargo, a mulher “à frente de seu tempo”

Marcello Capuano, filho da apresentadora, comenta a história de Hebe e sua relação de afeto com a mãe, falecida no dia 29 de setembro de 2012

No último dia 29 de setembro, completou-se dez anos sem a cantora, apresentadora e radialista Hebe Camargo, falecida em 2012. Hebe foi uma das mais importantes figuras nacionais, sendo considerada a “Rainha da Televisão Brasileira”. Nascida em 8 de março de 1929, na cidade de Taubaté, região do Vale do Paraíba, em São Paulo, Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani foi a caçula de sete irmãos, filhos da dona de casa Esther Magalhães de Camargo e do violinista Sigesfredo Monteiro de Camargo.

Iniciado sua carreira na rádio, em meados dos anos 1940, Hebe cantava sozinha e acompanhada de irmã e primas, marcando sua presença para os milhares de brasileiros que tinham o rádio como meio principal de comunicação. Em 1950, ano de inauguração da Televisão no Brasil, Hebe esteve presente no Porto de Santos acompanhando a chegada dos primeiros equipamentos televisivos em território nacional, que dariam origem à TV Tupi.


Hebe Camargo na TV Tupi | Foto: Arquivo público

“A importância dela para a história do Brasil é imensa, tendo seu programa como um dos primeiros apresentados por uma mulher na televisão. Ela sempre foi uma mulher à frente de seu tempo, representando esse empoderamento da mulher brasileira”, diz Marcello Camargo Capuano, filho único de Hebe, sobre o programa inaugurado em 1955 na TV Paulista, O Mundo é das Mulheres.

Ao longo das próximas décadas, Hebe Camargo seguiu ativa em sua profissão, gravando músicas e apresentando programas de televisão e rádio. Até que em 1966, ao assinar um contrato com a RecordTV, ganhou um programa com seu nome, indo ao ar todos os domingos, atraindo milhares de telespectadores por todo o Brasil. De 1973 a 1975 apresentou o programa na emissora Rede Tupi, dando um tempo de quatro anos em sua carreira para se dedicar ao filho.

Nascido em 1965, filho de Hebe com seu primeiro marido, Décio Capuano, Marcello sempre teve uma relação de extremo afeto com a mãe. “Apesar de ela ter tido uma vida extremamente ativa, com programas de TV e rádio, ela foi uma mãe super presente”, comenta Marcello. “Não me queixo de nenhuma ausência, jamais me queixei, sempre tivemos uma relação maravilhosa de mãe e filho, convivendo com muita harmonia e muito amor. Foi um privilégio ter tido uma mãe como ela.”


Hebe e seu filho, o publicitário Marcello Camargo Capuano. | Foto: Reprodução

Hebe divorciou-se de Décio em 1971, iniciando outro romance, com o empresário Lélio Ravagnani, alguns anos após, que rendeu seu segundo casamento, no ano de 1979, ficando casados até a morte dele, em 2000.

Em meados de 1980, Hebe consolidou-se na televisão, tendo efetivado sua participação como a principal apresentadora de TV do país. Na emissora SBT, de Silvio Santos, o programa Hebe foi ao ar de 1986 até 2010, recebendo centenas de convidados em seu famoso sofá, entre eles, grandes nomes, até personagens internacionais, como o primeiro homem a pisar na Lua, o astronauta americano Neil Armstrong, e a cantora francesa Édith Piaf.

Em seu programa, Hebe nunca se ateve a apenas um assunto, comentava sobre cultura, política, educação, saúde, e todos os temas trazidos por seus convidados. “Ela sempre foi uma mulher ativista na cultura, com seu programa que mostrava todas as pessoas que estavam se destacando. Até na parte política, sempre questionando e cobrando os políticos em favor do povo brasileiro”, lembra Marcello.

Lembrada pelo filho como uma mulher “à frente de seu tempo”, Marcello Capuano cita a participação de Hebe no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 1987 como um momento marcante da TV brasileira. “A cena em que ela defende os homossexuais quando disseram que ela fazia apologia ao homossexualismo é muito forte.”

Na cena, Hebe Camargo enfatiza, após perguntas coercitivas dos entrevistadores, que os homossexuais “são seres humanos iguais a gente, eles têm pai, mãe, irmãos, trabalham e pagam seus impostos”. E ao ser questionada se sua posição como formadora de opinião poderia “proliferar o homossexualismo”, Hebe é categórica em sua resposta: “O fato de eu falar não vai mudar, as pessoas nascem assim, não é porque a Hebe Camargo falou”.

O adeus à Hebe Camargo

No início de 2010, a apresentadora descobriu um tumor primário de peritônio, considerado um tipo de câncer raro. Em poucos meses, após a cirurgia de retirada e a quimioterapia, Hebe recebeu a notícia de que estava curada da doença, voltando à profissão tão logo teve alta. Dois anos após, em janeiro de 2012, Hebe voltou a ser internada, para a retirada de mais um tumor maligno, na região do estômago.

A última exibição do programa Hebe na RedeTV!, que havia retornado em 2011, ocorreu no dia 25 de setembro de 2012 em uma edição especial de despedida da emissora, assinando um contrato com o SBT dois dias depois, em 27/09.

Na madrugada do dia 29 de setembro de 2012, dois dias após seu retorno à emissora que considerava como sua casa, Hebe Camargo faleceu aos 83 anos, após sofrer uma parada cardíaca, enquanto dormia. 


Hebe era considerada a "Rainha da Televisão Brasileira". | Foto: Reprodução

Pela sua certidão de óbito, constata-se que o médico Luiz Carlos Pandolfo Tizatto atestou o falecimento da apresentadora ao meio dia, sido registrado no mesmo dia, no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais de São Paulo do 13º Subdistrito do Butantã, que contou com Alessandra Vieira do Nascimento Freitas como a declarante.

Segundas vias de certidões de nascimento, casamento e óbito são disponibilizadas na plataforma RegistroCivil.com.br, site gerido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).

Clique aqui e confira a certidão de óbito de Hebe Camargo na íntegra.

Fonte: Assessoria de Comunicação – Arpen/SP

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