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Veja: Concurso Público para Cartórios aprova apenas 10% dos inscritos
Resultado divulgado pela FGV reforça o
conceito de exame público mais difícil do país
O 2º Exame Nacional dos Cartórios (Enac), considerado
por muitos o concurso público mais desafiador do país, fez jus à sua reputação.
O resultado definitivo, divulgado nesta semana pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV), organizadora da prova realizada sob coordenação-geral do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), mostra que 10,4% dos candidatos inscritos foram
aprovados e estão aptos a se tornarem notários e registradores.
Com 9.195 inscritos e 6.364 participantes efetivos, o
Enac, realizado em todas as capitais brasileiras no mês de setembro deste ano,
aprovou exatos 957 candidatos, que agora estão aptos a prestarem os exames nos
Estados. A taxa de abstenção manteve média de 30,79%, a mesma registrada na
primeira edição, quando foram aprovados 2.746 candidatos — o equivalente a
15,1% do total de inscritos.
Desde 1988, o ingresso na profissão notarial e
registral deve ser realizado por concurso público, que até então estava a cargo
apenas dos Tribunais de Justiça dos Estados. Em 2024, a Resolução 575 do CNJ
estabeleceu uma etapa a mais ao já concorrido processo, exigindo que os
candidatos fossem primeiro aprovados em um exame nacional, o Enac, para só
então estarem habilitados a prestarem os exames estaduais.
“As pessoas ainda têm um desconhecimento profundo da
atividade notarial e registral, um ramo do Direito responsável pelos principais
atos de cidadania da pessoa, seja os relativos à vida civil, seja em relação ao
seu patrimônio”, explica Rogério Portugal Bacellar, presidente da Associação
dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg/BR). “Este profissional vai
lidar com os principais bens pessoais e patrimoniais de cada cidadão e de cada
empresa, responder pessoalmente pelos atos que pratica e ser altamente
fiscalizado pelo Poder Judiciário. É uma imensa responsabilidade”, completa.
Enquanto o exame nacional promovido pelo CNJ conta com
uma prova de 100 questões de múltipla escolha sobre diferentes áreas do
Direito, os exames estaduais são compostos por quatro etapas: uma nova prova
eliminatória de múltipla escolha sobre as áreas do Direito; uma prova
dissertativa; um exame oral perante banca examinadora formada por juízes,
promotores, advogados e membros da atividade extrajudicial; além de exame
psicotécnico. Aqueles classificados com melhores notas são os primeiros a
escolher os Cartórios vagos disponibilizados no edital do concurso estadual.
Para o juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de
Justiça, Fernando Cury, o Enac representa um passo importante na consolidação
de uma política pública de qualificação. “A proposta do Exame Nacional é
garantir maior transparência e igualdade entre os candidatos, além de exigir
uma qualificação mínima e nacionalmente uniforme que assegure a prestação de um
serviço mais eficiente e de qualidade para toda a sociedade brasileira”,
destaca Cury.
Membro da Comissão Nacional do Enac, a tabeliã Ana
Paula Frontini, diretora do Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal
(CNB/CF), destaca que o resultado reflete o rigor e a seriedade do processo. “O
exame é exigente e minucioso, justamente porque a atividade notarial e
registral demanda profissionais com profundo domínio técnico e senso de
responsabilidade pública. É uma prova que valoriza o estudo, a dedicação e o
compromisso com a função social dos Cartórios”, afirma.
Para poder se inscrever em um concurso público para
ser titular de Cartório, o interessado deve ser bacharel em Direito ou ter, no
mínimo, 10 anos de prática comprovada na atividade notarial ou registral.
Também é importante ter outras titulações comprovadas, como mestrado,
doutorado, experiência na advocacia ou na magistratura, uma vez que estes são
alguns dos “títulos” que valem pontos para o cômputo da classificação final,
reforçando o caráter altamente seletivo do exame, reconhecido pela abrangência
e profundidade de seus conteúdos jurídicos.
Fonte: Veja